O Relatório Brookings alerta sobre os perigos de sobreaquecimento nas economias da América Latina

O relatório “Perspectivas económicas da América Latina”, elaborado pela Brookings Institution, foi apresentado na quarta-feira, 18 de maio, no Conversatório da Secretaria-Geral Ibero-Americana (SEGIB), pelo economista mexicano Alejandro Werner; o ex-ministro espanhol da Economia, Carlos Solchaga, e pelo professor da Universidade argentina Torcuato di Tella,…


O relatório “Perspectivas económicas da América Latina”, elaborado pela Brookings Institution, foi apresentado na quarta-feira, 18 de maio, no Conversatório da Secretaria-Geral Ibero-Americana (SEGIB), pelo economista mexicano Alejandro Werner; o ex-ministro espanhol da Economia, Carlos Solchaga, e pelo professor da Universidade argentina Torcuato di Tella, Eduardo Levy-Yeyati. Em representação da SEGIB, moderou a mesa o diretor de Assuntos Económicos, Federico Ignacio Poli.

O relatório mostra que as pressões de sobreaquecimento e inflação na América Latina estão a aumentar, e muitos reguladores financeiros questionam-se se o crédito interno não estará já a crescer excessivamente. Na frente fiscal, a região enfrenta agora o fato bem conhecido de que o endurecimento das políticas fiscais numa recuperação é mais difícil do que o seu abrandamento durante uma recessão. Pelo lado monetário, o objetivo simplista em relação à inflação está a ser substituído por uma combinação de objetivos e instrumentos ad hoc. A estabilidade financeira, ou a prevenção de bolhas, é a adição mais recente à nova série de objetivos. Em termos do conjunto de ferramentas, normas prudentes macroeconómicas ganharam estatuto como um instrumento para permitir a estabilidade financeira. Voltar à estabilidade macroeconómica baseando-se exclusivamente na política monetária será demasiado caro. O necessário aumento das taxas de juro criará apenas mais pressões à subida sobre os tipos de câmbio, fomentando uma espiral destabilizadora sem fim. Quanto mais não seja por este motivo, são necessários novos desenvolvimentos fiscais para que as economias regressem à normalidade.

Werner, autor do capítulo sobre o México deste relatório, indicou que após a queda do Produto Interno Bruto (PIB) em cerca de 6% em 2009, a recuperação em cerca de 5,5% em 2010, e a previsão de 4,5% para 2011, a pergunta é se voltará a níveis como 3%, ou se pode alcançar um crescimento potencial.

Existem elementos positivos, como o fato que perante o tema de sobreaquecimento, o México está numa posição cómoda, com a apreciação da sua moeda menor que outros países, e o aumento de preços dos combustíveis gera vantagem pelas exportações.

Aclarou que o México não participa no benefício que oferecem as matérias primas a outros países da América Latina e vai enfrentar uma conjuntura mais difícil nos próximos anos.

Pelo seu lado, Eduardo Levy-Yeyati sublinhou que o atual período de bonança latino-americana tem elementos de transitoriedade, devido aos ajustes estimados pelas mudanças de ciclos e movimentos de novos atores da economia mundial.

Referiu também que alguns analistas prevêem como fator negativo o aumento das taxas de juros nos Estados Unidos, ou  o crescimento da China abaixo de 10% do seu PIB.

Acrescentou que a região deve enfrentar os custos políticos do entusiasmo causado por este período de melhor recuperação após a crise económica, que seja a próxima década a do crescimento da América Latina.

Acrescentou que é preferível que esta década já iniciada “seja a década do desenvolvimento perante a agenda adiada em educação, saúde, infra-estrutura e produtividade”.

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Mais informação: http://www.brookings.edu/reports/2011/0408_blep_cardenas.aspx

 

 

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