Rebeca Grynspan: “Quero ‘latino-americanizar’ a SEGIB”

A secretária geral ibero-americana, Rebeca Grynspan, afirmou, no dia 27 de abril, numa entrevista à EFE, que quer “latino-americanizar” a SEGIB num “mandato de renovação” da instituição, no qual tratará de “projetar para fora” a imagem da região para desempenhar “um papel muito mais forte no mundo”.

A secretária geral ibero-americana, Rebeca Grynspan, afirmou, no dia 27 de abril, numa entrevista à EFE, que quer “latino-americanizar” a SEGIB num “mandato de renovação” da instituição, no qual tratará de “projetar para fora” a imagem da região para desempenhar “um papel muito mais forte no mundo”.

Para Grysnpan, de visita a São Paulo no quadro da sua viagem pelos 22 países ibero-americanos após a tomada de posse da Secretaria Geral Ibero-americana (SEGIB), que dirige desde o passado dia 28 de março, esta está “está espanholizada” por ter a sua sede em Madrid, mas deve ter “uma ancoragem latino-americana”.

Para a política costarriquenha, este é “um perigo habitual que acontece muito nos órgãos regionais”, o qual tentará remediar com o aumento dos escritórios de representação da instituição fora de Espanha que atualmente são quatro: Cidade do México, Cidade do Panamá, Brasília e Montevidéu.

“Temos em mente abrir mais, não sabemos quantos, mas têm de mudar de caráter”, apontou Grynspan, que considerou que o que são agora escritórios de “representação” deverão passar a ser escritórios de “descentralização”.

“Não quero que a SEGIB de Madrid esteja representada nos países latino-americanos, o que quero é “latino-americanizar” a SEGIB, assegurou.

Nesta mesma linha, a secretária assegurou que o seu “compromisso” é manter os referidos escritórios e adiantou que “tem de haver um escritório andino”.

Por outro lado, reconhece que a Secretaria, criada em 2003 e dirigida até à sua chegada pelo uruguaio Enrique Iglesias, é “pouco conhecida” entre a cidadania, apesar de ter, na sua opinião, “grande projetos” que (entre risos) qualifica como “os segredos mais bem guardados” da região.

Houve uma falta de difusão e de comunicação do que a Secretaria fez”, sublinhou a ex-secretária geral  adjunta das Nações Unidas, que considera que “o que era conhecido na SEGIB era (Enrique) Iglesias, o símbolo da Ibero-América”, mas “chegou o momento de passar a desenvolver a instituição como tal”.

A ex-vice-presidente da Costa Rica acredita que a região pode construir “uma voz comum” que “contribua para o debate da agenda de desenvolvimento posterior a 2015” e se deve coordenar “uma segunda geração de políticas públicas” que continuem com a tendência de crescimento”.

“A desigualdade combate-se com políticas públicas ativas e há que pensar numa segunda geração para o futuro. Fomos bem sucedidos em crescer com equidade nos últimos anos, mas se queremos continuar assim, não pode ser com a mesma estratégia”, continuou.

Para Grynspan, a América Latina demonstrou que a desigualdade “não é estrutural” e apontou que a “grande pergunta” para crescer com equidade é “quais são as políticas que se podem levar a cabo num mundo tão competitivo e globalizado?”.

“Terá muito a ver com a educação terciária e com a qualidade dos serviços”, adiantou a secretária, que insistem em que “há que dar mais recursos à ciência, à tecnologia e à inovação”, assim como assegurar o acesso das classes mais baixas a uma educação “massiva e de qualidade” que se apresenta como o “grande desafio”.

Além da cultura e da educação, que Grynspan refere como “o melhor âmbito de atuação” da SEGIB, a questão de gênero ocupará, a julgar pelas suas palavras, uma boa parte dos seus esforços: “o caminho das mulheres ibero-americanas é ainda pedregoso”, afirmou.

“Não pode ser uma questão que fique esquecida, que quando já tenhamos tudo feito nos demos conta que a passamos por alto. É um tema central no desenvolvimento e no caráter do século XXI que vai depender de como caminhemos para a equidade de gênero”, revelou Grynspan, a primeira mulher secretária ibero-americana. EFE

Podem seguir no Twitter @SEGIBDigital com o HT #GiraGrynspan todas as atividades da Secretária Geral Ibero-americana no quadro da sua viagem pelos 22 paíse ibero-americanos. 

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