Programas de Cooperação Ibero-americana impulsionam um vocabulário com perspectiva de gênero em línguas indígenas

A iniciativa é uma das 16 selecionadas pelo IberCultura Viva e pelo Ibermemória Sonora, Fotográfica e Audiovisual para preservar, visibilizar e fomentar o uso das línguas dos povos originários da região.

A partir da necessidade de falar de realidades impossíveis de nomear, porque não existiam, um grupo de instrutores indígenas de Chiapas começou a trabalhar em um vocabulário com perspectiva de gênero nas línguas tseltal, tsotsil e tojolabal. O projeto foi possível graças a uma iniciativa lançada pela Secretaria de Igualdade de Gênero e a Universidade Intercultural de Chiapas e impulsionada desde o Ibercultura Viva e o Ibermemória Sonora, Fotográfica e Audiovisual, programas de cooperação ibero-americana promovidos pela Secretaria-Geral Ibero-americana (SEGIB).

Graças a esta iniciativa, conceitos como patriarcado ou feminismo contam agora com um vocábulo que permite nomear o que não existia até então e que já começou a ser socializado entre as comunidades.

Estes são alguns dos novos termos:

De acordo com Bertha Lorena Cruz, uma das impulsionadoras do projeto, a ideia de criar um vocabulário de perspectiva de gênero surgiu, há aproximadamente dois anos, quando ministravam oficinas formativas de gênero com mulheres indígenas de Chiapas.

“No momento de ministrar as oficinas, sentimos uma necessidade linguística. Havia temas que não existiam em nossa língua e não podiam chegar e usar termos em espanhol. E pensamos: como resolver esta carência linguística no momento de trabalhar estes temas?”, explica Cruz.

 

Vocabulário com Perspectiva de Gênero, selecionado da convocatória “Cenzontle: uma janela para as línguas originárias da Ibero-América”

O Vocabulário com Perspectiva de Gênero foi um dos 16 projetos selecionados no marco da convocatória “Cenzontle: uma janela para as línguas originárias da Ibero-América”, impulsionada pelo IberCultura Viva e pelo Ibermemória Sonora, Fotográfica e Audiovisual para preservar, visibilizar e fomentar o uso das línguas dos povos originários da região.

Em total foram selecionadas iniciativas procedentes de 10 países (México, Panamá, Chile, Peru, Uruguai, Colômbia, Argentina, Costa Rica, Paraguai e Equador), estão orientadas a processos de conservação, registro, pesquisa, difusão, educação, gestão ou valorização das línguas originarias da Ibero-América.

“Os Programas da Cooperação Ibero-americana são fundamentais e tanto seu trabalho a nível comunitário como sua projeção contribuem avisibilizar e promover a rica cultura dos povos originários da Ibero-América. Estes trabalhos falam, em específico, das línguas originarias, essenciais no momento de entender e preservar a identidade de nossos povos”, assinala a Secretária para a Cooperação Ibero-americana, Lorena Larios.

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