O artista mexicano Said Dokins, o cientistas cubano Roddy Fuentes Alba, a escritora argentina María Fasce e a engenheira sevilhana María Ángeles Martín Prats receberam na quarta-feira, 25 de março, os Prêmios Ibero-americanos Cortes de Cádis, que anualmente reconhecem o talento de ambos os lados do Atlântico.
A alcaidessa de Cádis, Teófila Martínez, e o secretário para a Cooperação Ibero-americana, Salvador Arriola, presidiram à entrega destes prêmios na Casa da Ibero-América de Cádis, numa das poucas cerimônias que não foram suspensas pelo luto nacional decretado em sinal de dor pelo acidente do avião que ocorreu nos Alpes.
O Ajuntamento de Cádis, no sul de Espanha, decidiu não suspender esta entrega tendo em consideração que muitos dos onze premiados, cinco mulheres e seis homens que se destacaram em diversas disciplinas, viajaram de diferentes países para receber estes reconhecimentos que a cidade instituiu há quinze anos para honrar a memória e o espírito dos deputados espanhóis e americanos que redigiram nesta cidade a Constituição de 1812.
No entanto, as vítimas da tragédia aérea foram recordadas na cerimônia da entrega, na qual se guardou um minuto de silêncio.
A alcaidessa de Cádis, “a cidade mais americana da Europa”, destacou que os premiados são “uma referência” numa sociedade com “falta de referências” e que foram eleitos, entre mais de 700 candidaturas das diferentes disciplinas, por serem “um escaparate” do que a Ibero-América “pode dar ao mundo”.
Salvador Arriola leu uma mensagem em nome da Secretária Geral Ibero-americana, Rebeca Grynspan, que não pode estar na cerimônia, em que referiu que os galardoados são o reflexo de uma comunidade ibero-americana “vigorosa, criativa, inovadora” e cheia de “diversidade e pluralidade”.
Alberto Méndez, presidente da BQ, empresa espanhola dedicada ao desenho, fabrico e comercialização de dispositivos multimídia, impressoras 3D e kits de robótica, recebeu o prêmio “Jovem empreendedor”, reclamando uma mudança para que “o acesso à educação em tecnologia seja universal”.
María Ángeles Martín Prat, que recebeu o prêmio de Igualdade Cortes de Cádis por dar visibilidade às mulheres no mundo da engenharia, destacou também que o problema de que homens e mulheres não sejam iguais no seu âmbito de trabalho “não está na Universidade”, mas sim “antes e depois”, na educação dos meninos e meninas nas suas famílias e nas “altas instâncias das empresas e das instituições”.
O mexicano Said Dokins recebeu o prêmio de Criação Contemporânea por “Aparições”, uma montagem artística sobre os desaparecidos políticos no seu país desde os anos setenta que “doem a todos os mexicanos”, e com o qual quis reivindicar “o direito a dissentir”, a liberdade de expressão e a procura de “outras formas de existência possíveis”, afirmou.
O prêmio de Desenho foi recebido por Pablo Santos (Cádis) e Christine Schlack (Chile), desenhados de “Piriñaca”, um projeto sobre a cultura popular gaditana, e o de Botânica o madrilenho Gonzalo Navarro, que vive há mais de vinte anos na Bolívia estudando a vegetação das terras baixas (não andinas) do país, à qual dedicou o seu galardão.
O prêmio de Investigação Científica foi recebido pelo cubano Roddy Fuentes Alba por um trabalho sobre sequências genéticas ancestrais (ASR), e o de Cirurgia foi atribuído ao neurocirurgião mexicano Alfredo Quiñones Hinojosa, investigador dos tumores cerebrais que não pode estar presente na cerimônia.
O prêmio do Mar foi recebido por María Molina Intxaustegi, investigadora basca por um trabalho sobre os estaleiros reais na colônia naval de Havana no século XVIII, e o de Ciências Sociais Amparo Sánchez Cobos, professora da Universidade Jaume I de Castellón, pelo trabalho “Colonialismo e escravidão segundo um reformista espanhol: Cuba em Ramón de la Sagra”.
La escritora argentina María Fasce dedicou a “todos os leitores” o prêmio de Relatos que lhe foi concedido pela sua obra “Um homem bom”.
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