O Secretário Geral Ibero-americano, Enrique V. Iglesias, participou no dia 6 de março, na cidade de Berlim, no Fórum de reflexão “América Latina e o Caribe num contexto de mudanças: oportunidades e desafios para a UE”, organizado pela Fundação UE-LAC (União Europeia-América Latina e Caribe).
Durante a sua intervenção, Iglesias disse que o grande desafio da América Latina é fazer frente às mudanças da época, tanto no mundo como na região. “O que estamos a viver não é mais uma crise, é uma mudança de época”, destacou Enrique V. Iglesias.
“Terminou uma época de relativa estabilidade no mundo em que quase tudo era previsível e entrámos numa etapa na qual é difícil antecipar o que ocorrerá em um ou dois anos”, acrescentou.
Na América Latina, além disso, as elevadas taxas de crescimento na última década levaram ao surgimento de umas classes médias conscientes de si próprias que obrigaram a mudar a forma de fazer política.
Além disso, sublinhou Iglesias, houve uma deslocação do poder econômico do ocidente para o oriente, do qual a América Latina tirou proveito pelo surgimento da China como comprador de matérias primas.
Iglesias afirmou também, apesar dos benefícios que trouxeram as exportações de matérias primas, o desenvolvimento futuro não se pode basear apenas nisso.
“Não podemos ignorar que não podemos viver exportando só matérias primas, não se pode repetir o modelo de ciclos anteriores de vender matérias primas e comprar produtos acabados”, argumentou.
Apesar de para Iglesias estar claro que os elevados índices de crescimento da última década terem trazido benefícios, não acredita que com isso se tenha chegado “à terra prometida”.
“Teve-se a sensação de termos chegado à terra prometida mas não é assim”, disse Iglesias, que se mostrou convencido de que existe uma série de desafios que têm de enfrentar.
Entre eles, referiu a necessidade de fazer ajustes fiscais em alguns países da região. Além disso, mencionou a necessidade de fazer ajustes fiscais em alguns países da região. Além disso, segundo ele, são necessárias uma série de reformas para tornar eficaz o Estado, promover políticas dirigidas a aumentar a produtividade e políticas sociais para reduzir a desigualdade.
“Além disso, deixei isto para o final porque considero que é o mais importante, necessitamos de reformas educativas”, disse.
O Diretor para as Américas do Serviço Exterior da UE, Roland Schäfer, disse, ao comentar a intervenção de Iglesias, que a tendência da estabilidade que se observa na América Latina é algo que não se pode apagar do mapa.
Schäfer afirmou ainda que o que ocorre atualmente na Venezuela tem a ver precisamente com o fenômeno do surgimento das classes médias que estão muito mais conscientes dos seus direitos do que no passado.
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