Iglesias defende em Lisboa a criação de empresas “multi-ibéricas”

O secretário-geral ibero-americano, Enrique V. Iglesias, participou no 4 de fevereiro em Lisboa no colóquio “Uma conversa com Enrique Iglesias”, que fez um resumo da situação atual na América Latina e a relação entre as duas margens do Atlântico. O evento contou também com a…

O secretário-geral ibero-americano, Enrique V. Iglesias, participou no 4 de fevereiro em Lisboa no colóquio “Uma conversa com Enrique Iglesias”, que fez um resumo da situação atual na América Latina e a relação entre as duas margens do Atlântico. O evento contou também com a participação do presidente da Câmara, António Costa e o ex-ministro de Relações Exteriores, Luís Amado.

Enrique V. Iglesias aconselhou a Europa a analisar os mecanismos usados pela América Latina para superar a sua crise da dívida nos anos 90, como a fixação de uma taxa para as transações financeiras. “Europa nunca olhou para o que aconteceu na América Latina durante os anos 90, foi o que nós fizemos e foi essa a razão pela qual saímos da crise”, referiu. Recordou que naquela época se deram conta de que “a dívida era impagável”, o que levou a um processo de “negociação com os mercados” que terminou com o alargamento dos prazos de vencimento e uma diminuição das taxas de juros, entre outras medidas.

“A região foi um laboratório de políticas econômicas e social”, destacou Iglesias. “Nunca entenderei porque é que não se utiliza na UE um instrumento como a taxa sobre as transações financeiras. Não teria apenas impacto nas classes populares, e em momentos de crise prefiro isso. Mas no entanto, aqui não se fala sobre isso”, sublinhou.

Relativamente à difícil situação que Espanha e Portugal atravessam, o responsável da SEGIB previu a chegada à Península Ibérica de uma “nova corrente de investimento” a partir da América Latina semelhante à que se deu em sentido contrário durante os anos 90.

Questionando-se sobre a menor importância da região para as exportações espanholas e portuguesas em comparação com outras zonas do mundo, Iglesias considerou que os investimentos de ambos os países “alcançaram um certo limite” nos finais do século XX, pelo qual agora pode dar-se o fenômeno em sentido contrário.

Neste sentido, defendeu a criação de empresas “multi-ibéricas” – com participação espanhola, portuguesa e latino-americana – que aproveitem as oportunidades de internacionalização de forma conjunta, sinergias especialmente relevantes para as pequenas e médias empresas (PME).

“Na América Latina, as nossas PME necessitam de aumentar a produtividade, e aí Espanha e Portugal têm um papel crucial”, salientou.

Luís Amado, pelo seu lado, defendeu que a Europa tem “uma responsabilidade mundial”, para não permitir que a UE e o euro não caiam, uma vez que o processo de integração do continente é um “exemplo” para outros e favorece a estabilização e a paz.

“Que efeito teria – o desaparecimento da UE como tal – na América Latina, África ou no Sudeste Asiático, que a consideram um modelo de integração?”, perguntou-se o ex ministro de assuntos exteriores português com o governo de José Sócrates em Portugal.

Vídeo Colóquio: “Uma conversa com Enrique V. Iglesias”

 

 

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