Grynspan: a Cúpula Ibero-americana e a SEGIB evoluíram enormemente nos mecanismos de cooperação cultural

Rebeca Grynspan não crê que seja um momento difícil aquele em que lhe coube assumir a Secretaria Geral Ibero-americana devido ao conflito que surgiu entre a Venezuela e o Panamá e recorda que a América Latina soube superar época piores.
“A minha geração viu muito mais do que isso na região latino-americana”, disse hoje numa entrevista com a EFE Rebeca Grynspan, costarriquenha, que amanhã assume a direção da Secretaria Geral Ibero-americana (Segib) das mãos do uruguaio Enrique Iglesias.

Rebeca Grynspan não crê que seja um momento difícil aquele em que lhe coube assumir a Secretaria Geral Ibero-americana devido ao conflito que surgiu entre a Venezuela e o Panamá e recorda que a América Latina soube superar época piores.

“A minha geração viu muito mais do que isso na região latino-americana”, disse hoje numa entrevista com a EFE Rebeca Grynspan, costarriquenha, que amanhã  assume a direção da Secretaria Geral Ibero-americana (Segib) das mãos do uruguaio Enrique Iglesias.

“Venho da região da América Central, que pode contar todas as vezes em que houve momentos que não falávamos entre nós. Não considero este período especialmente conflitivo”, insistiu esta política e economista de 58 anos.

Grynspan, ex-vice-presidente da Costa rica e ex-secretária geral adjunta da ONU, assistirá amanhã nesta capital à cerimônia de passagem de mandato da Segib encabeçada pelo presidente mexicano, Enrique Peña Nieto.

Foi designada para o cargo numa reunião extraordinária de representantes da Conferência Ibero-americana que se celebrou no dia 24 de fevereiro na capital mexicana, e assumirá formalmente as suas funções na próxima terça-feira, em Madrid.

A sua chegada acontece depois da Venezuela anunciar no passado dia 5 de março a ruptura das suas ligações diplomáticas com o Panamá, como reação à iniciativa do Panamá de promover uma reunião para abordar a situação da Venezuela na OEA.

Grynspan recordou que a América Latina “viveu na própria carne” as divisões geradas pelas ditaduras e democracias que conviviam na região, as “guerras interinas” em alguns países e problemas limítrofes existentes.

“Muitos dos problemas limítrofes conseguiram canalizar-se por vias institucionais, no âmbito global”, acrescentou a secretária geral ibero-americana designada durante a entrevista, realizada num gabinete do ministério de negócios exteriores mexicano.

“A América Latina sempre teve problemas (…). Todos esperamos que se resolvam. Esperamos uma região desprovida de conflitos que nos enfrente, mas não me parece esta etapa especialmente conflituosa, historicamente”, insistiu.

Grynspan também não acredita que este conflito surgido pelo anúncio de Caracas possa afetar a Cúpula Ibero-americana que terá lugar no próximo mês de dezembro em Veracruz, oriente do México, a última anual e que dará lugar a uma nova época de encontros bienais.

“Conhecendo a seriedade da gestão do México, esperaria que seja uma cúpula muito bem frequentada, e, apesar as diferenças que existam no passado, podemos reunir-nos fraternalmente em Veracruz em dezembro”, acrescentou.

A nova titular da Segib analisou também o espaço ibero-americano atual a partir do surgimento de organizações como a Comunidade de Estados Latino-americanos e do Caribe (Celab) e de outras iniciativas regionais.

“O âmbito político é ocupado pela Celac”, disse Grynspan, que referiu que essa organização é “algo a celebrar, não algo a catalogar como concorrente” da Conferência Ibero-americana, que tem âmbitos “que lhe são próprios”, entre os quais referiu áreas como a cultura e a educação.

“A Cúpula Ibero-americana e a Segib evoluíram enormemente nos mecanismos de cooperação cultural, que me parece que não haveria motivo de replicar em nenhuma outra estrutura”, acrescentou.

Na entrevista, Grynspan destacou também o papel que a Segib tem no fomento da cooperação no âmbito empresarial, que também é próprio a outras organizações.

Consultada sobre a possível existência de uma crescente polarização política na América Latina e os problemas que isso possa gerar na busca de consensos na região, recordou que a sua eleição foi unânime, por consenso de todas as partes.

“Começando por aí, começamos por dizer que se houver possibilidades de alcançar acordos na região (…). Há que reconhecer a diversidade política e as diferentes situações na região latino-americana”, referiu.

“Na América Latina – acrescentou – esta diversidade não nos deve surpreender. O que temos de conseguir é poder atuar em conjunto quando assim seja necessário como latino-americanos”. Fonte: EFE.

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