Gilberto Gil, a tecnologia transformada em cultura

Gilberto Gil, uma das figuras mais relevantes do Brasil e da América Latina, recebeu no dia 18 de julho na sede da SEGIB o Prêmio Ricardo Valle 2011 pela sua luta por “democratizar a cultura no seu país” e promover a “convergência entre a educação…

Gilberto Gil, uma das figuras mais relevantes do Brasil e da América Latina, recebeu no dia 18 de julho na sede da SEGIB o Prêmio Ricardo Valle 2011 pela sua luta por “democratizar a cultura no seu país” e promover a “convergência entre a educação e as tecnologias”.

Este galardão foi criado em 2011 para promover a comunicação e a utilização das TIC no âmbito da cultura, a educação e a ciência na Comunidade Ibero-Americana, e presta homenagem ao espanhol Ricardo Valle, um dos destacados promotores  das novas tecnologias da informação e comunicação nessa região. O galardão foi criado pela TEIb, ATEI, Fundação Telefónica e pela SEGIB.

Um dos assistentes da cerimônia, o presidente da ATEI (Associação de Televisões Educativas e Culturais Ibero-Americanas), Ernesto Velázques, assinalou que Gil foi premiado pela sua luta por “democratizar a cultura no seu país”.

Neste âmbito, Gilberto Gil teve um papel essencial durante a sua etapa como ministro da Cultura do Brasil, cargo que exerceu entre 2003 e 2008, no qual promoveu o Primeiro Fórum de Comunicação Pública que estabeleceu os princípios básicos da televisão pública brasileira.

Este documento inspirou o então Presidente Lula da Silva na criação da Televisão do Brasil, o que significou um importante passo no âmbito das telecomunicações do país e um fato ao qual este galardão não foi indiferente.

Na cerimônia de entrega também estiveram presentes o titular da Secretaria-Geral Ibero-Americana (SEGIB), Enrique Iglesias; o secretário geral da ATEI, Alberto García Ferrer, e o Embaixador do Brasil, Paulo César de Oliveira Campos, entre outros.

Todos eles concordaram em destacar o espírito empenhado de Gil, através da sua atividade como compositor e cantor, que o levou a criar, conjuntamente com Caetano Veloso o “tropicalismo”, com o qual modernizou a música brasileira e “apagou limites sociais e culturais”, como também a sua “luta cultural” durante a sua etapa como ministro, assinalaram Iglesias e Velázquez.

Este “artista multimídia” promoveu a utilização das tecnologias para o desenvolvimento e “promoveu os meios de comunicação educativos e culturais” durante os cinco anos que exerceu o cargo, segundo Velázques.

“Sempre procurei no meu espírito a melhor maneira de ajudar, a mim mesmo e aos outros”, afirmou Gil após receber o prêmio, no valor de 10.000 euros (12.258 dólares).

“Há que cuidar da espiritualidade, que está nas mãos da cultura, e este prêmio contribui para esse cuidado”, acrescentou.

No entanto, ao compositor não escapou o forte impacto que a recessão econômica está a ter no mundo da Cultura.

“A cultura sempre foi um dos setores mais castigados quando a economia não está bem, e agora há que lutar mais do que nunca para continuar a contar com recursos”, acrescentou Gil.

No entanto, o ex-ministro não se limitou a descrever a amarga realidade e defendeu a “inovação e a inventividade” como algumas das principais saídas da situação.

“A sociedade tem de se mobilizar, e os empreendedores, em colaboração com o setor público, devem começar a exercer um papel cada vez mais importante”, considerou”.

Precisamente a partir deste plano, Gilberto Gil destacou “as perspectivas da América Latina como empreendedor cultural” e aproveitou para reivindicar a sua defesa de uma internet “universal, democrática e cultural”, que continue a ser uma via de expressão de “questões sociais e culturais”.

 

 

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