Êxito do V Congresso Ibero-americano de Cultura

Mais de 1.400 participantes inscritos, 9 ministros da Cultura ibero-americanos, 174 oradores, 21 mesas redondas, 20 experiências digitais, 21 projetos de empreendorismo cultural, atividades culturais, trabalho em rede e fomento de sinergias desenvolveram-se no V Congresso Ibero-americano de Cultura, que se celebrou entre 20 e 22 de novembro em Zaragoza.

Mais de 1.400 participantes inscritos, 9 ministros da Cultura ibero-americanos, 174 oradores, 21 mesas redondas, 20 experiências digitais, 21 projetos de empreendorismo cultural, atividades culturais, trabalho em rede e fomento de sinergias desenvolveram-se no V Congresso Ibero-americano de Cultura, que se celebrou entre 20 e 22 de novembro em Zaragoza.

Os números registrados no V Congresso comprovam o seu êxito, apesar de se verem reforçados pela grande atividade que despertaram nas redes sociais, com mais de 4.000 tweets, o que permitiu alcançar uma audiência superior aos 12 milhões de pessoas, a que se juntam as mais de 5.000 pessoas que seguiram em direto o que estava a acontecer no mesmo através da retransmissão em streaming das principais intervenções, mesas e intervenções.

Organizado pelo Ministério da Educação, Cultura e Desporto e pela Secretaria Geral Ibero-americana, o V Congresso Ibero-americano de Cultura transformou-se num espaço de encontro e debate do setor cultural e criativo ibero-americano. Com a presença também de representantes dos Estados Unidos, da União Europeia e de outros países, conjuntamente com delegados de instituições culturais ibero-americanas (CERLALC, AECID, CONACULTA, Instituto Camões, CONAR, Instituto Cervantes, SURDOC, ARCE, TEIB, etc.), profissionais e criadores, este fórum permitiu a análise e a melhor compreensão do impacto que está a ter a Internet no mundo cultural.

Durante três dias, exploraram-se as possibilidades que a Rede oferece a criadores, produtores, distribuidores e promotores da cultura, quer sejam instituições públicas ou privadas. Além disso, tornou-se evidente a existência de duas realidades completares no desenvolvimento cultural: uma mente muito dinâmica e digital que convive com uma muito diversa criatividade analógica. Foi também ponto de encontro de um intenso debate sobre as oportunidades que a Internet oferece para reduzir o fosso social.

O V Congresso contou com o apoio do Ajuntamento de Zaragoza, da Ação Cultural Espanhola, da AECID, do Governo de Aragão, da OEI e da TEib (Televisão Educativa e Cultural Ibero-americana.

Debate institucional de alto nível sobre o Espaço Cultural Ibero-americano
O programa acadêmico articulou-se com as intervenção institucionais de Ministros da Cultura e altos representantes de países ibero-americanos, com conferência magistrais de especialistas no setor, com mesas de debate e com a apresentação de experiências singulares no âmbito da gestão cultural e do empreendorismo. Tudo isto complementado com um amplo programa de atividades culturais que encheram a cidade de Zaragoza de atividades para promover a participação de todos os cidadãos.

Os ministros ibero-americanos desenvolveram uma ativa participação durante o Congresso, através de um espaço de debate institucional, “Conversatórios”, onde se abordou os desafios e oportunidades da era digital para a consolidação do Espaço Cultural Ibero-americano, assim como a proposta de uma Agenda Digital Cultural Ibero-americana que deverá reforçar o referido Espaço.

Do referido debate pode-se concluir, entre outras reflexões, que este Espaço deve coordenar-se com outros projetos de cooperação da região, tendo em conta o caráter transversal da cultura com a qual se procuram sinergias para fomentar o desenvolvimento educativo, a participação social e dos jovens, reconhecendo e protegendo a diversidade cultural. Este Espaço deve promover a sua visibilidade e imagem pública, uma vez que a tomada de consciência social e cultural contribui para a sua consolidação, tal e como se estabeleceu na Cúpula Ibero-americana de Cádis.

Os titulares da pasta de Cultura ibero-americanos que participaram no Congresso foram: Albert Esteve (Andorra), Jorge Coscia (Argentina), Manuel Obregón (Costa Rica), Ana Magdalena Granadino (El Salvador), Tulio Mariano Gonzáles (Honduras), Mabel Causarano (Paraguai), Jorge Barreto (Portugal), José Antonio Rodríguez (República Dominicana), Hugo Achurar (Uruguai) e José Ignacio Wert (Espanha). 

Empreendorismo cultural
Uma das mais firmes apostas e novidades que o Congresso acolheu foi fomentar o empreendorismo cultural no espaço ibero-americano. Como se tornou claro, a região tem um grande futuro digital, com uma pujante geração de empreendedores que propõem novas soluções e novos modelos de negócio para dar resposta às necessidades sociais, tal como ficou patente no I Concurso “Empreende com cultura”, organizado com o apoio da Organização de Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) que recebeu mais de 550 projetos muito inovadores, com grande qualidade e potencial de crescimento. Os responsáveis pelos 21 projetos selecionados na primeira fase apresentaram as suas iniciativas em Zaragoza e receberam formação específica de empreendorismo ao longo do Congresso.

Entre os projetos finalistas, no último dia do Congresso fez-se a entrega dos prêmios “Empreende com Cultura”, para a ideia mais inovadora (Projeto “Kurtú” de Alejandro Valdez, Paraguai), para o projeto mais inovador com menos de 3 anos de vida (Projeto Bandeed.com” de Anxo Armada, Espanha), para o projeto mais inovador com mais de 3 anos de vida (Projeto “Viral” de Tiago Abelha, Portugal), para o projeto mais social (Projeto “Sementes digitais de cultura”, de Aldo Arce, México), para o projeto empreendedor jovem (Projeto “Viajo SP” de Amanda Rodrigues, Brasil) e para o projeto empreendedor sénior (Projeto “Creanexus@” de María Balsa, Uruguai).

Os prêmios foram entregues por Sua Alteza Real o Príncipe das Astúrias, acompanhado pelo Secretário Geral Ibero-americano (SEGIB), Enrique V. Iglesias, pelo Ministro da Educação, Cultura e Desporto, José Ignacio Wert e pela Presidente do Governo de Aragão, Luisa Fernanda Rudi.

Principais Intervenções
O programa acadêmico do V Congresso Ibero-americano de Cultura foi dirigido por Javier Celaya e contou com a participação de destacadas personalidades nacionais e internacionais do âmbito das novas tecnologias da informação e da cultura digital. Entre elas, destacam-se as realizadas em plenário do Congresso por:

Daniel Innerarity, catedrático de filosofia política e social da Universidade do País Basco, que proferiu a conferência inaugural do Congresso. Na sua intervenção, destacou que as atividades com mais futuro no mundo no mundo digital serão as que estejam relacionadas com o processamento inteligente da informação (sintetizar, ordenar os dados com sentido e orientar). Na sua opinião, o essencial na era digital é saber o que é que não temos de saber. Innerarity considera que vivemos numa sociedade digital de utilizadores submissos e que o problema é a confusão, não a ignorância.

Sandra Pecis, vice-presidente de Meios de Terra para a Ibero-América e EUA, partilhou a sua visão do consumo de Internet na Ibero-América e refletiu sobre como a Internet mudou o dia a dia da sociedade. Destacou que cinco dos mercados mais ativos em redes sociais estão na Ibero-América e recordou que ainda há muito a desenvolver, uma vez que na América Latina a penetração da Internet é de apenas 40%. Segundo Pecis, a Ibero-América está a saltar etapas tecnológicas, indo do passado para o futuro sem passar pelo presente.

Frédéric Martel, sociólogo e autor de “Cultura mainstream”, afirmou que a Internet reforça o conceito territorial, físico e próximo e, portanto, não vai levar-nos a uma globalização mundial da cultura. Insistiu na necessidade de criar uma estratégia comum para que a Ibero-América lidere a era digital. Por fim, defendeu a luta contra a pirataria de forma diferente e harmonizada no quadro da UE.

Hugh Forrest, diretor de SXSW Interactive, que reúne anualmente os desenvolvedores e desenhadores mais inovadores do mundo, expôs algumas das principais tendências tecnológicas que nos afetarão no futuro e que transformarão radicalmente a sociedade nos próximos anos, focadas na educação, na saúde, em conhecermo-nos melhor, etc.

Molly Barton, diretora global de estratégia digital da editorial Penguin, destacou que algumas plataformas digitais facilitam aos artistas maior controlo sobre o desenvolvimento e a distribuição do seu trabalho, adaptando-se às necessidades particulares de áreas criativas específicas. Destacou o auge de novas redes sociais de criação e cultura partilhada e que o futuro das redes sociais já não é a economia de escala, mas sim a criatividades das mesmas..

Nick Stanhope, fundador da plataforma Wearewhatwedo.org, centrou-se em como a tecnologia e a criatividade podem aumentar e melhorar a descoberta e o aproveitamento do patrimônio local como força cultural e social de grande alcance.

Pablo Arrieta, especialista em novas tecnologias da Ibero-América, salientou que a tecnologia digital está a permitir reinventar formas de fazer as coisas que tragam aos criadores, indústrias e aos públicos novas maneiras de conversar e expôs vários exemplos destas experiências.

Por outro lado, Arancha Díaz Lladó e Eduardo Puig de la Bellacasa, diretora de Assuntos Públicos e diretor de Stakeholder Engagement de Telefónica respectivamente, tornaram claro que as alianças público-privadas assumem especial relevância no atual contexto cultural e econômico, no momento de tirar o máximo partido da revolução das tecnologias da informação.

Virginie Rouxel, delegada general do “Labo de l’édition”, considerou que o desafio principal, tanto no mundo editorial como noutros setores, é conjugar o apoio às novas empresas inovadoras com o seguimento dos atores tradicionais.

Por fim, Juan Mateos-García, investigador do Nesta (National Endowment for Science, Technology and the Arts), demostrou a importância da análise de dados para as atividades do setor criativo e cultural, deixando claro que criatividade e análise não são inimigos, muito pelo contrário. Para este estudioso, se quisermos entender melhor o plano de fundo da privacidade, o mundo da cultura deveria entrar no mundo dos ados e conhecer as audiências melhor do que o Google e o Facebook.

Costa Rica assume relevo e será sede do VI Congresso
O Ministro da Cultura da Costa Rica, Manuel Obregón, apresentou as grandes características do VI Congresso Ibero-americano de Cultura que se celebrará nos dias 12 e 13 abril de 2014 no seu país. Obregón enfatizou que o objetivo motor do VI Congresso será fortalecer a aliança da região em matéria de Cultura, dando lugar aos que nunca tiveram voz neste tipo de fóruns.

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