Ética em tempos de crise: perspectiva política, empresarial e internacional

O seminário “Ética em tempos de crise: perspectiva política, empresarial e internacional”, organizado pela Fundação Areces e pela SEGIB, decorreu na terça-feira, 28 de junho, e nele participaram Pilar Álvarez, subdiretora geral Setor de Ciências Sociais e Humanas, UNESCO; Michel Camdessus, ex diretor do Fundo…

O seminário “Ética em tempos de crise: perspectiva política, empresarial e internacional”, organizado pela Fundação Areces e pela SEGIB, decorreu na terça-feira, 28 de junho, e nele participaram Pilar Álvarez, subdiretora geral Setor de Ciências Sociais e Humanas, UNESCO; Michel Camdessus, ex diretor do Fundo Monetário Internacional; Adela Cortina, diretora da Fundação ÉTNOR; José Antonio Alonso, diretor do ICEI, e Enrique V. Iglesias, secretário-geral ibero-americano, que moderou as intervenções. O evento foi apresentado pelo diretor da Fundação Areces, Raimundo Pérez-Hernández.

Resumimos em seguida algumas das ideias expostas durante o seminário pelo secretário-geral ibero-americano:

Neste mundo complexo e que muda de forma acelerada, qual é o lugar dos valores?

É em tempos de crise que tem mais valor a conduta ética no seio dos governos, das empresas e dos organismos internacionais; são épocas onde se requerem decisões acertadas, respostas responsáveis e análises consistentes.

A ética é mais do que um caráter ou um costume, na nossa existência tomou a forma de categoria política. Tem uma relação íntima com questões tão universais como os direitos humanos, governabilidade, liberdade e igualdade, entre outros.

A crise económica atual é o resultado de uma vigilância não realizada ao sistema financeiro internacional. Alguém não realizou a sua tarefa, alguém não cumpriu a sua função ética de assegurar que as regras fossem cumpridas. Especulou-se, falhou-se nessas bolhas e nasceu a maior depressão financeira que já vimos. Daí a importância da ética nos negócios.

O governo corporativo é outro contexto onde se deve promover a ética como um fator decisivo pelos múltiplos aspetos relacionados com os interesses sociais: a segurança industrial, a proteção do emprego, a responsabilidade empresarial. As empresas são as criadoras de emprego, e a sua gestão afeta decisivamente a vida económica e política dos seus países, e os valores sociais.

Promover a ética assegura um comportamento responsável relacionado com aspirações pessoais legítimas. Trata-se de uma forma de fazer as coisas, de transformar vidas e oferecer melhores perspectivas de desenvolvimento para os nossos países.

A ética está próxima da transparência e é inseparável da boa gestão pública. Trata-se de uma soma de criação de oportunidades, de administração ótima nos projetos públicos e na prestação de contas. Falar de ética é falar de uma perspectiva onde cresce a igualdade, se promove a governabilidade e se cria uma distribuição justa com políticas responsáveis e iniciativas transparentes.

Em tempos de crise reformulam-se as estratégias e reafirma-se algumas, apenas algumas convicções. Uma aposta decidida nos princípios éticos é um elemento essencial para contribuir para a configuração de melhores pessoas, melhores governos e melhores sociedades.

 

 

Veja todos os assuntos