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23 setembro / 4 outubro 2020

Curso do Observatório ibero-americano de Mudança Climática e Desenvolvimento Sustentável: Projetos para a transição, projeto e ferramentas

Este curso está dirigido a agentes de mudança, pessoas que queiram mudar o mundo, compreender melhor os principais desafios socioecológicos e se dotar de uma série de visões, conceitos e ferramentas, baseadas no campo emergente do projeto para a transição, para a ideação e inicialização de protótipos de projetos ou intervenções em contextos específicos que contribuam à mudança.

Aqueles que participarem se integrarão em uma comunidade de aprendizado transformadora conectada ao Laboratório Ibero-americano de Iniciativas de Inovação Socioecológica (LIIISE). Um espaço de cocriação e aprendizado compartilhado que tem como missão identificar as sementes de mudança mais prometedoras (iniciativas, projetos, protótipos…), aprender delas, contribuir a melhorar sua resiliência e potenciar seu impacto a nível local e global.

A equipe docente está formada por professorado da Universidade de Huelva e da Universidade Autônoma Metropolitana-Unidade Cuajimalpa, especializada em temas relacionados com o projeto da transição desde diferentes âmbitos (biologia, geografia, urbanismo, inteligência territorial, economia, projeto, informática, estatística, informação e comunicação). Toda a equipe forma parte do grupo motor do LIIISE.

Pode conhecer a equipe aqui.

O curso se compõe de sete módulos que podem ser cursados integralmente on-line:

Módulo 1

Este módulo apresenta as principais tensões socioecológicas globais em um contexto de grande aceleração marcado por uma nova era geológica, o Antropoceno, no qual as ações humanas sobre o planeta nos próximos 50 anos marcarão o futuro da espécie e da Terra para os próximos 10.000 anos.

Analisa-se o conceito de resiliência nos sistemas complexos. Os sistemas socioecológicos passam por múltiplos estados de estabilidade e mudam de regime passando por pontos de rompimento (tipping points). É fundamental robustecer estes sistemas para que possam absorver os impactos e se reorganizarem sem perder suas funções essenciais e sua identidade, enquanto se produzem as mudanças.

Estudam-se também as três principais caraterísticas que tornam resilientes os sistemas socioecológicos: conectividade, diversidade e retroalimentação.

Rafael Calderón Contreras, Universidade Autônoma Metropolitana-Unidade Cuajimalpa, Coordenador do Laboratório de Cidades em Transição. Professor pesquisador em contribuições da natureza e resiliência socioecológica.

Módulo 2

Em um contexto de transição socioecológica é importante reflexionar sobre futuros alternativos e desejáveis. Este módulo introduz ao pensamento do futuro e à elaboração de cenários futuros.

São abordados os tipos de futuro e conceitos como a literalidade dos futuros: utilizar a imaginação para introduzir o futuro que ainda não existe no presente das organizações. Abordam-se os conceitos de antecipação e incerteza para identificar a previsibilidade de eventos futuros segundo seu impacto. Também se faz referência aos sinais débeis, signos precoces de mudanças possíveis cuja identificação a partir de instrumentos de observação, pode reduzir o grau de incerteza dos eventos futuros.

A segunda parte, descreve os métodos para a construção de cenários de futuro. São introduzidos os tipos de sistema de antecipação, os métodos e técnicas de estudo do futuro e são apresentados casos práticos.

Salomón González Arellano, Universidade Autônoma Metropolitana-Unidade Cuajimalpa, Membro de Laboratório de Análise Sócio territorial. Professor pesquisador em inteligência territorial, morfologia urbana e o futuro das cidades.

Módulo 3

Este módulo introduz o conceito de agência e algumas ferramentas úteis para agentes de mudança. Apresenta a «Teoria do U» de Otto Scharmer. Descreve ferramentas de liderança pessoal e de facilitação de grupos, assim como ferramentas de projeto orientadas à revitalização da agência no contexto da “sociedade do cansaço”.

Também são discutidas as possibilidades de mudança dos sistemas socioecológicos e dos pontos de alavancamento definidos por Donella Meadows. Apresenta-se a Matriz de Winterhouse como ferramenta para identificar em qual nível do sistema está operando.

Utilizando o conceito de acupuntura, é apresentada a estratégia PLAC (pequeno, local, aberto e conectado) baseada em práticas inovadoras locais e são analisadas suas potencialidades e limites para articular com as políticas públicas multinível.

Blanca Miedes Ugarte, Universidade de Huelva, professora pesquisadora em temas de projeto da transição socioecológica, inteligência territorial e governança participativa. Coordenadora do laboratório ibero-americano de Iniciativas de Inovação Socioecológica (Coordenadora do curso).

Módulo 4

Neste módulo são abordados os conceitos e ferramentas do projeto como facilitadores de projetos de inovação socioecológica.

Apresenta-se a evolução projeto desde um âmbito para «dar forma às coisas» a possibilitar a análise de «processos de mudança», como o projeto gerativo, que oferece materiais para desenvolver narrativas de futuros desejáveis, mapeamento de problemas e prototipagem de soluções.

Serão vistas as caraterísticas dos problemas complexos e as principais fases do processo de projeto para a transição: criar uma visão comum, projetar intervenções, esperar e observar resultados e avaliar, continuamente, as intervenções.

Utilizando como exemplo o processo de transição alimentar, são apresentadas algumas ferramentas de projeto de projetos: o mapeamento de problemas, a relação dos diversos atores, as causas raízes dos problemas e os pontos de alavancamento do sistema entre outras.

Nora Morais Zaragoza, Universidade Autônoma Metropolitana-Unidade Cuajimalpa, projetista da informação, professora pesquisadora em métodos e ferramentas gerativas e colaborativas para o projeto da transição.

Módulo 5

Este módulo apresenta os mapas cartográficos como representações gráficas da distribuição espacial da realidade, suas utilidades e em como integrar estas ferramentas geográficas em ações concretas para gerar transições.

São apresentadas três técnicas de pesquisa de ação participativa (IAP) para promover a ação coletiva e o envolvimento na toma de decisões, fortalecer a coesão e o sentido de apropriação entre a comunidade: Sistemas de Informação Geográficos Participativos (SIGP), Informação Geográfica Voluntária (IGV) e Cartografia Participativa (CP). Descrevem-se as caraterísticas da CP, baseadas na concepção do território como espaço socialmente construído.

Será analisada a importância das ferramentas colaborativas desde o âmbito local para promover o bem estar da comunidade e como a tecnologia pode desempenhar um papel amplificador como elemento complementar na construção dos mapas.

Laura Elisa Quiroz Rosas, Universidade Autônoma Metropolitana-Unidade Cuajimalpa, bióloga, professora pesquisadora em sistemas de informação geográfica e cartografias participativas.

Módulo 6

Este módulo introduz a questão dos indicadores, como instrumentos que proporcionam evidências para determinados fatos e a importância da medição para avaliar o grau de cumprimento dos objetivos dos projetos e para avaliar a dimensão do problema ao que queremos dar solução. Estudam-se suas caraterísticas, as vantagens de seu uso e sua finalidade nas distintas fases de um projeto. Aprofunda-se no conceito de operacionalização de conceitos.

Apresentam-se tipos de indicadores e como podem ser utilizados dependendo daquilo que se queira medir, os tipos de fontes de informação e as diversas técnicas para obtê-la.

O módulo finaliza com a descrição de uma série de metodologias promovidas por diversas organizações internacionais com propostas de sistemas de indicadores aplicados ao desenvolvimento de projetos em cada uma de suas fases. Dez metodologias para identificar, avaliar, e medir os diversos impactos dos projetos.

Celia Sánchez López, Universidade de Huelva, professora pesquisadora em inteligência territorial, no projeto e implementação de sistemas de indicadores multiescalares e em análise socioeconômica.

Antonio Moreno Moreno, informático, especialista em inteligência territorial, consultor gerente na empresa Sintering, EBT da Universidade de Huelva.

Módulo 7

Neste módulo versa sobre a comunicação como elemento transversal para a transformação social. Trata as diferenças entre comunicação e informação e a necessidade de que a comunicação tenha vocação transformadora para afrontar com êxito a abordagem da transição socioecológica. Será debatido o novo papel desempenhado pelos consumidor.s de informação como gerador.s de informação (prosumidor.s). Serão analisados os diversos tipos de jornalismo. O jornalismo especializado e o de soluções, favorecido pelas novas tecnologias, são apresentados como alternativas que contribuem a “pôr em comum” a construção coletiva da informação.

Por último, no marco da Agenda 2030 e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), é proposta uma estratégia de comunicação articulada em quatro elementos: o papel do comunicador/a, do público, das TIC e a hibridação de saberes.

Óscar Toro Peña, jornalista e consultor em economia social, cooperação internacional e na implementação territorial da Agenda 2030, pesquisador em ciências da comunicação, na área de comunicação para a mudança.

Em cada módulo são propostas uma série de tarefas e, ao final do curso, será solicitada como tarefa final a elaboração individual ou, preferivelmente, coletiva de um protótipo de um projeto para a mudança.

 

Data de início: 5 de outubro (será colocado à disposição o módulo 1, a partir dessa data, a cada segunda-feira de cada semana, será colocado à disposição o seguinte módulo)

Data de finalização: 4 de dezembro (entrega do protótipo individual ou coletivo)

 

Como complemento aos módulos foram previstas quatro sessões online, ao vivo, que ficarão gravadas e carregadas na plataforma:

Horário: quinta-feira, 16:00- 17:30 (Espanha)/9:00-10:30 (México)/11:00-12h30 (Brasil)

  • 1ª sessão online: 8 de outubro: sessão on-line, ao vivo, de lançamento do curso com a apresentação de conteúdos, a explicação da metodologia, recomendações para o trabalho colaborativo on-line e explicação do protótipo final a apresentar. A sessão será facilitada por Blanca Miedes (coordenadora do curso) com a participação de outros membros da equipe docente.
  • 2ª sessão online: 22 de outubro: mesa redonda com Rafael Calderón (Módulo 1) e Salomón González (Módulo 2), facilitada por Blanca Miedes (Módulo 3 e coordenadora do curso).
  • 3ª sessão online: 5 de novembro: dinâmica de trabalho colaborativo online de mapeamento de problemas e cartografia colaborativa com Nora Morais (Módulo 4) e Laura Quiroz (Módulo 5), facilitada por Blanca Miedes (Módulo 3 e coordenadora do curso).
  • 4ª sessão online: 19 de novembro: mesa redonda sobre a importância da avaliação e da comunicação nos projetos para a transição, com Celia Sánchez e Antonio Moreno (Módulo 6) e Óscar Toro (Módulo 7), facilitada por Blanca Miedes (Módulo 3 e coordenadora do curso).

Aqueles que entregarem todas as tarefas a tempo e em forma receberão, ao final, um certificado de aproveitamento emitido pelo Laboratório Ibero-americano de Iniciativas de Inovação Socioecológica e o Centro de Pesquisa em Pensamento Contemporâneo e Inovação para o Desenvolvimento Social (COIDESO) da Universidade de Huelva (Espanha).

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