O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e a Secretaria General Ibero-Americana (SEGIB), com o apoio da Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID), apresentaram em Madrid o Livro Branco da contribuição das empresas TIC para a educação na Ibero-América. Trata-se de uma iniciativa que surgiu a partir da XX Cimeira Ibero-Americana de Chefes de Estado e de Governo, que teve lugar em dezembro de 2010 de Mar del Plata, Argentina, e que teve como tema central “a Educação para a Inclusão Social”.
O encontro, apresentado pelo Secretário-Geral Ibero-Americano, Enrique V. Iglesias, contou com a participação de Gerardo Noto, especialista de programas da área de Prática de Governabilidade Democrática do PNUD; Gustavo N. Jorge, autor do estudo, e María Villota, da Direção de Cooperação para a América Latina e o Caribe da AECID. Também estiveram presentes representantes das empresas analisadas, da sociedade civil, e de várias universidades e organismos do sistema ibero-americano, como o Secretário Geral da Organização Ibero-Americana da Juventude, Alejo Ramírez, e Juan Carlos Toscano, da OEI.
Durante a sua intervenção, Enrique V. Iglesias afirmou que tanto na América Latina como na Península Ibérica, existem muito boas práticas no âmbito das TIC e da educação, e que muitas das iniciativas promovidas por governos e empresas são um exemplo de êxito. Importa assinalar as mais de 240 iniciativas que estas empresas estão a realizar em 20 países ibero-americanos, assim como os diferentes planos governamentais de inclusão digital como o “Plano Ceibal” no Uruguai “Ligar Igualdade” na Argentina, ou “Vive Digital” na Colômbia, entre outros.
O resultado do documento surge da re-compilação e análise de experiências dos programas de fomento da educação e tecnologias de 4 empresas de alcance global: Cisco, Intel, Microsoft e Telefónica. Em cada uma delas, enfatizou-se a observação dos seus programas, o modo de ligação com o setor público, a colaboração com outras empresas privadas e as oportunidades de melhoria para a implementação das suas propostas.
De acordo com o estudo, apesar das empresas estudadas apresentam programas que cobrem diversos enfoques e públicos, pode concluir-se que a Intel e a Cisco trabalham fortemente na formação de estudantes, enquanto a Microsoft enfatiza a formação docente. Pelo seu lado, a Telefónica dá prioridade à formação docente e a produção de conteúdos e ferramentas educativas, mas, adicionalmente, também se ocupam de questões relacionadas ao acesso e à infra-estrutura.
O grau e tipo de ligação com o setor público varia de acordo com a empresa e o país. Em termos gerais, a articulação de Telefónica que acontece de modo descentralizado (a empresa mantém diálogo com múltiplas autoridades de educação em cada país a todos os nível); enquanto que para a Intel e Microsoft, usa-se de um modelo misto que procura geral um diálogo com a autoridade central para avançar aos níveis de ações públicas seguintes. No caso da Cisco, a sua principal ligação é através de instituições educativas, especificamente universidades nacionais.
No caso da Cisco, a sua principal ligação é através de instituições educativas, especificamente universidades nacionais.
Entre as soluções propostas, destaca a criação de uma figura de ligação que funcione como dinamizador da articulação dos setores público-privado; o planejamento conjunto e execução colaborativa dos programas; o fomento da utilização das redes sociais colaborativas, tanto virtuais como presenciais, que ajudem a integrar e incluir os docentes, e a criação de grupos de colaboração (cluster) sobre determinados temas para gerar partes externas da rede, de modo a que a soma das suas contribuições crie mais valor perante os seus interlocutores do que as suas propostas em separado.
Gerardo Noto, em representação da Direção da América Latina e Caribe do PNUD, destacou o esforço conjunto com a SEGIB num tema estratégico como é o desenvolvimento de capacidades através da aplicação das TIC na educação para avançar no desenvolvimento humano da região. A América Latina e o Caribe conseguiram avanços significativos na redução da pobreza na última década, mas ainda enfrentam o desafio de reduzir as desigualdades, não só de rendimento, de gênero, culturais e sub-regionais, mas também a desigualdade de acesso e o fosso digital. Por isso sublinhou a importância de promover alianças público-privadas e facilitar a sistematização e intercâmbio de experiências e boas práticas, como as documentadas neste estudo.
A apresentação do livro foi seguida de um workshop sobre os resultados e propostas do relatório, onde o autor, Gustavo Jorge, salientou a importância do esquema de alianças público-privadas para o desenvolvimento dos temas sociais, tais como a educação – como é o caso deste Livro Branco – mas também noutros âmbitos como a saúde ou a segurança.
De igual forma, nas discussões deu-se relevo ao interesse de dinamizar as colaborações entre estados, empresas e cidadãos; a necessidade de criar espaços de discussão e colaboração que gerem novas idéias através da utilização das ferramentas TIC e o aproveitamento do conhecimento que possuem as empresas do universo TIC, assim como a sua utilização ativa, para o estabelecimento de um novo paradigma educativo. Neste sentido, propôs-se a utilização do projeto Ciudadanía 2.0 como um motor para estimular a participação em temas de TIC e educação.
Jorge finalizou a sua exposição refletindo que “o envolvimento ativo das TIC em temas de educação passa por trabalhar diretamente na fronteira da inovação orientada para os jovens ibero-americanos”.
O Livro Branco da contribuição das empresas TIC para a educação na Ibero-América pretende tornar-se numa ferramenta de consulta, tanto para os governos como para as empresas, formando um acervo sobre os projetos de fomento de tecnologias na Educação na Ibero-América.
Uma versão reduzida do estudo é de livre acesso na página web /publicaciones/
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