Allamand: “Avançar entre a Europa, a América Latina e a América do Norte geraria benefícios para a comunidade internacional”

· O Secretário-Geral Ibero-Americano, Andrés Allamand, comparou a relação entre as três regiões com um triângulo irregular devido às suas diferentes relações.

· “Temos que colaborar entre as três regiões porque não vamos encontrar soluções sozinhos”, afirmou o Presidente do Real Instituto Elcano, Juan José Ruiz.

· Para o Diretor Executivo do Atlantic Council, Jason Marcak, a relação transatlântica é fundamental para abordar questões como a migração e a segurança.

Madri, 22 de fevereiro. – Sob o título “Desafios e oportunidades de uma relação transatlântica triangular”, teve início hoje, na Secretaria-Geral Ibero-Americana, o VII Fórum Trilateral Europa – América Latina – América do Norte. O evento foi aberto com a pergunta: “Há espaço para aprofundar as relações triangulares entre EUA-Europa-América Latina?”, pergunta que foi respondida pelo Secretário-Geral Ibero-Americano, Andrés Allamand; o Presidente do Real Instituto Elcano, Juan José Ruiz, e o Diretor Executivo do Centro para a América Latina Adrienne Jason Arsht do Atlantic Council, Jason Marcak, moderados pela Diretora de Relações Exteriores da Segib, Cristina Manzano.

Andrés Allamand iniciou o debate referindo-se ao “triângulo escaleno” que, segundo ele, constituem a América do Norte, a América Latina e a Europa, “um triângulo irregular devido aos diferentes comprimentos e relações que se criam entre as três regiões”. Nessa perspectiva, observou ele, os EUA e a Europa seriam os maiores lados, o que implica “uma relação que poderia ser chamada de forte intensidade” em que “os laços políticos são estáveis ​​e sólidos, o comércio é extenso e os investimentos são grandes”.

Para o secretário-geral ibero-americano, o “lado”, a relação entre a União Europeia e a América Latina estaria em um momento que poderia ser considerado de “intensidade crescente”, especialmente com base na “recente definição política europeia em torno da sua vontade de se transformar em um aliado preferencial da América Latina”. Por outro lado, o lado “mais curto”, ou de menor intensidade, nas palavras de Allamand, seria aquele que une os vértices entre os EUA e a América Latina. “Seria desejável e positivo se a intensidade dos lados do triângulo fosse mais forte. Isso geraria benefícios para a comunidade internacional”, ressaltou.

Para fazer avançar esta relação, o Presidente do Real Instituto Elcano considerou que é necessário deixar de ver os problemas desde a perspectiva dos países e olhá-los desde uma perspectiva global. “Temos que colaborar entre as três partes do triângulo porque não vamos encontrar soluções sozinhos: nenhum dos três lados. E para isso teremos também de resolver as dificuldades que temos em colaborar, porque somos parecidos, mas não nos conhecemos de todo”, enfatizou. Ruiz destacou ainda que é preciso analisar aspectos como cultura, polarização ou desigualdade, que costumam ficar em segundo plano. “O que está em jogo é a democracia, a defesa dos direitos humanos”, apontou.

 

Questões globais como um marco em comum

O nexo para o Diretor Executivo do Atlantic Council seria enfrentar os grandes problemas do mundo de forma conjunta. Segundo Marcak, a relação transatlântica é fundamental para abordar questões como a migração e a segurança. Allamand concordou com a necessidade de restringir as questões a serem abordadas e destacou que a segurança, o crime internacional e o crescimento econômico são três questões vitais para as democracias e a comunidade internacional. Ruiz também deu ênfase especial à descarbonização e à reflexão sobre mecanismos de compensação para “os perdedores”.

O Fórum Trilateral Norte-Americano, Latino-Americano e Europeu pretende analisar o estado actual das relações bi-regionais, o potencial da colaboração triangular, bem como aprofundar alguns dos seus aspectos – governação, desinformação e segurança – que colocam desafios comuns, mas com características específicas de cada região.

Após a sessão de abertura, o restante do encontro será realizado a portas fechadas. Os temas a serem discutidos são: Governança. Resiliência ou erosão dos sistemas políticos?; Desinformação. Quem se importa com a verdade? E Migrações. Soluções políticas ou de segurança para um desafio global?

 

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