A reconstrução do Haiti pode demorar até trinta anos, de acordo com a Embaixadora

A reconstrução do Haiti poderá durar até três décadas após o terramoto que assolou o país há um ano, previu hoje, dia 11 de janeiro, a embaixadora haitiana em Espanha, Yolette Azor-Charles, durante uma conferência de imprensa celebrada na sede da Secretaria-Geral Ibero-Americana (SEGIB), pedindo…

A reconstrução do Haiti poderá durar até três décadas após o terramoto que assolou o país há um ano, previu hoje, dia 11 de janeiro, a embaixadora haitiana em Espanha, Yolette Azor-Charles, durante uma conferência de imprensa celebrada na sede da Secretaria-Geral Ibero-Americana (SEGIB), pedindo à comunidade internacional para “agilizar” a chegada dos fundos de ajuda prometidos para esta tarefa.

“O drama é a amplitude do problema. É desmesurado. O Governo teve poucos meios e continua a ter poucos meios”, afirmou Azor-Charles em Madrid por ocasião do primeiro aniversário do sismo, que ocorreu a 12 de janeiro de 2010 e causou 300.000 mortos.

A diplomata resumiu a atualidade do seu país antes da apresentação do documentário “Sonhos do Haiti”, dirigido por Miguel Angel Tobías, centrado no grande drama humanitário que a catástrofe provocou.

“É necessário mais coordenação, seguimento e investir” para impulsionar os trabalhos de reconstrução, sublinhou a embaixadora.

Sobre a capacidade das próprias autoridades haitianas para gerir esse trabalho, Azor-Charles respondeu que “reconstruir as instituições é impossível num tempo tão curto (o ano que decorreu após o sinistro” e que “o Estado teve de alugar algumas casas” para continuar a funcionar.

E deu um exemplo dessa realidade, ao narrar que um imóvel que antes não podia sequer albergar um “escritório de promoção” serve agora de sede de “dois ministérios”, o de Comércio e Indústria e o de Assuntos Exteriores, onde “trabalham por turnos” os funcionários.

Após a conferência de imprensa, a representante diplomática mostrou-se pessimista em relação ao futuro, pois assegurou, em declarações à Efe, que a reconstrução levará “vinte anos” no caso mais otimista, se bem – referiu – que “realmente” serão “trinta”.

A embaixadora lamentou que o Haiti não possa dispor ainda de todos os fundos prometidos na conferência de dadores que teve lugar no ano passado em Nova Iorque: “Eu – referiu – não sei o que está a acontecer no planeta. Existe muito pouco dinheiro disponível.”

“São dinheiros – prosseguiu – que estão na conta do Banco Mundial, que tem a responsabilidade da gestão do dinheiro”.

Segundo os números de que dispõe, “apenas 5.000 milhões de dólares” chegaram ao país caribenho, pelo que “existem mais de 3.900 milhões de dólares que não chegaram”.

Por isso, a diplomata instou a comunidade internacional a “agilizar” o envio dessas ajudas “porque as pessoas começam a estar impacientes. E também as necessidades são muito grandes”.

Pelo seu lado, o autor do documentário, no qual cidadãos haitianos relatam a sua vida quotidiana após o terramoto, assinalou que o seu trabalho constitui um “cântico à esperança”, ao mesmo tempo que referiu a “coragem” e a “capacidade de luta” do povo do Haiti.

A película será projetada amanhã – justamente quando se cumpre o primeiro aniversário da tragédia – na Casa da América de Madrid para recolher fundos de ajuda para o trabalho que desempenha no país caribenho a congregação religiosa das Filhas da Caridade de São Vicente de Paula.

Um membro desta congregação, María del Carmen Bazarra, também presente na cerimónia, pediu ao mundo que não se esqueça do Haiti e que trabalhe “lado a lado” para reavivar “todo um país destruído”.

Bazarra recordou que “há muito que falta fazer ali”, pois deu-se “prioridade a saciar a fome e a sede antes de levantar uma pedra”. EFE

 

 

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