Interamericano a Enrique V. Iglesias A Organização dos Estados Americanos (OEA), acolheu na quarta-feira, 3 de setembro, uma homenagem de numerosos representantes de instituições do Sistema Interamericano ao economista e político uruguaio Enrique V. Iglesias, anterior Secretário Geral Ibero-americano, a quem o Secretário Geral da OEA, José Miguel Insulza, descreveu como “o maior internacionalista das Américas”.
Durante a sua apresentação, o Secretário Geral Insulza qualificou Iglesias como o principal construtor das instituições do sistema interamericano, referindo-se à sua participação no desenvolvimento e fortalecimento de organismos como a OEA, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL), bem como outras entidades.
“Ele participou em cada uma delas e fortaleceu-as, permitindo que transcendam as pessoas que as dirigem”, disse, e acrescentou que, “além de um mestre, foi sempre um amigo que teve o tempo para dar conselhos a quem os pediu”.
A cerimônia, organizada pela Secretaria Geral e dirigida pelo próprio Insulza, teve lugar no Salão das Américas da sede central da OEA em Washington DC, reuniu várias centenas de convidados do mundo político, diplomático e acadêmico da região e contou com discursos dos atuais líderes das diferentes instituições das quais o também acadêmico fez parte.
Durante a sua extensa carreira, entre outros cargos, Iglesias foi Presidente do Banco Central do Uruguai (1967-68), Secretário Executivo da CEPAL (1972-85), Ministro de Relações Exteriores do Uruguai (1985-88), Presidente do BID (1988-2005) e Secretário Geral Ibero-americano (2005-2014).
No seu discurso, Enrique Iglesias, que nasceu em Espanha mas emigrou na infância para o Uruguai, agradeceu o sentido reconhecimento dos seus pares e recordou as suas grandes aprendizagens ao longo da sua carreira internacional entre elas a importância do papel do Estado em assegurar a justiça social, a redução da pobreza e a igualdade de oportunidades, assegurando a vigência e o respeito pelos direitos humanos.
Considerou que “as sociedades mudam com os sonhos das grandes utopias, dos grandes ideais, com a condução dos seus líderes e com a crescente participação dos cidadãos”.
Rebeca Grynspan, sucessora de Iglesias à frente da Secretaria Geral Ibero-americana, destacou o papel do seu predecessor pela sua dedicação a melhorar as condições de vida de todos os setores contidos nos âmbitos com os quais se relacionou através dos diferentes cargos de responsabilidade que exerceu.
Também referiu as suas contribuições fundamentais para a geração de debates sobre temas como o Terceiro Mundo, o meio ambiente, temas de gênero, de juventude e cultura, entre outros.
“Isto foi sempre feito com uma enorme clarividência, sob princípios éticos impecáveis, e com uma visão e profundidade transformadoras, que definiram grande parte das coisas boas que se forjaram na América Latina e na Ibero-América desde meados do século XX.
O Ministro de Relações Exteriores do Uruguai, Luis Almagro, convidado especialmente em representação do país de adoção de Iglesias, recordou as contribuições do homenageado como primeiro presidente do Banco Central Uruguaio e, em seguida, como Ministro de Relações Exteriores do país sul-americano.
A este respeito, referiu que Iglesias foi mestre de gerações de uruguaios que fazem parte tanto do mundo da economia como do da diplomacia, tanto pelas suas lições de vida sobre a ética como na construção de uma agenda positiva de temas.
“Enrique Iglesias lançou as pontes entre as regiões e incentivou as instâncias de cooperação a abrir caminhos ao desenvolvimento”, referiu. Por outro lado, o presidente do BID, Luis Alberto Moreno, que também o sucedeu neste cargo, considerou-o um “excecional condutor da cooperação das populações da América Latina”.
Sobre o seu trabalho na presidência do BID, recordou que a visão de Iglesias reforçou a sua missão de instituição financeira, com alma e vocação de serviço regional.
“Comprometeu-se sempre a trabalhar por uma instituição que estivesse atenta às necessidades da região, estreitamente associada com ela na busca de soluções e dotada de mecanismos necessários para enfrentar os desafios do desenvolvimento de forma conjunta com os países”, disse. A partir de Oslo, Noruega, Alicia Bárcena, Secretária Executiva da Comissão Econômica para a América Latina, CEPAL, enviou uma saudação em que destacou que a partir do cargo que ela agora ocupa, Enrique Iglesias ofereceu respostas inovadoras às necessidades dos países da região, baseadas nas suas próprias realidades, além de se comprometer com a planificação para o desenvolvimento, destacando o papel fundamental do Estado, e incentivando o desenvolvimento de correntes de pensamento a partir da própria região.
Entretanto, Michael Shifter, presidente do Diálogo Interamericano, instância nascida por inspiração de Enrique Iglesias quando era Secretário Executivo da CEPAL, recordou a sua participação na criação de programas fundamentais deste centro de pensamento, como o da educação, no início da década de 80, dando conta da sua visionária apreciação dos conflitos que a região deveria enfrentar.
A isto juntaram-se as discussões de outros assuntos, como as relações étnicas e a segurança e violência na região. O presidente do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), Enrique García, como grande amigo de Iglesias, caracterizou-o como um grande negociador, contou histórias da sua vida política e definiu-o como um homem de consensos, que deu a volta para a cultura como base de sustentação das políticas da região, criando centros de pensamento que são de primeira importância nos nossos dias.
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