A Embaixadora Ibero-americana da Cultura, Nélida Piñón, profere a Cátedra Enrique Iglesias do BID

A Embaixadora Ibero-americana da Cultura, Nélida Piñon, proferiu, no passado dia 5 de dezembro, em Washington, o seu discurso de aceitação da Cátedra Enrique Iglesias do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Nele, a escritora, filha de emigrantes galegos, destacou a “memória sincrética” como a base da identidade cultural latino-americana.

A Embaixadora Ibero-americana da Cultura, Nélida Piñon, proferiu, no passado dia 5 de dezembro, em Washington, o seu discurso de aceitação da Cátedra Enrique Iglesias do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Nele, a escritora, filha de emigrantes galegos, destacou a “memória sincrética” como a base da identidade cultural latino-americana. 

“A fusão étnica ocorrida na América, amálgama de raças, fez florescer os signos de uma cultura oriunda das fundações míticas dos ameríndios, das utopias expansionistas europeias, dos embates ocorridos entre as expressões autóctones e estrangeiras”, referiu a autora numa alocução na qual fez uma revisão histórico-literária para explicar a gênese cultural de um continente que bebeu das influências autóctones, o peso da conquista, a afluência de imigrantes e as revoluções e instabilidades políticas recentes para se rebelar contra o “ideal utópico da Europa” e manter-se incólume aos vai vens políticos do hemisfério. 

“As páginas da história ibero-americana facilitam uma leitura oblíqua da cultura, testemunham que, inclusivamente durante os regimes autoritários e os modelos econômicos irresponsáveis, contrários aos interesses nacionais, houve um diálogo contínuo entre as comunidades e a arte”, recordou Piñon. 

Com essa intenção de promover a cultura como um veículo de desenvolvimento o BID constituiu, há um ano, a cátedra Enrique Iglesias, em honra do atual Secretário Geral Ibero-americano, que ocupou a presidência do banco entre 1988 e 2005. O Comitê da Cátedra, formado pelo Presidente do BID, Luis Alberto Moreno, pelo Secretário Geral Ibero-americano, Enrique V. Iglesias, pelo Ministro da Cultura da Costa Rica, Manuel Obregón e pela reconhecida Curadora do Houston Museum of Fine Arts, Mari Camen Ramírez, exaltou o papel da Cátedra como um espaço para a reflexão sobre o papel da cultura no desenvolvimento regional.  

Piñón é a primeira receptora da cátedra. Para o BID, a brasileira é “um símbolo que representa o papel protagonista da mulher latino-americana na nossa evolução cultural, que encarna a experiência de milhares de gestores culturais que levaram o acesso às letras, à música, ao cinema a tantas comunidades marginalizadas e um emblema do trabalho dos escritores para poder proteger e difundir o potencial criador”, em palavras de Luis Alberto Moreno, além de ser um exemplo da “irmandade histórica com o Brasil e da contribuição desse país para a definição da nossa identidade”.

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