A educação de qualidade é o centro do debate dos ministros do Trabalho Ibero-americanos

A educação de qualidade como meio para abordar os desafios laborais da América Latina ocupou um papel central na III Reunião de Ministros Ibero-americanos de Trabalho que começou hoje em Cancún.

A educação de qualidade como meio para abordar os desafios laborais da América Latina ocupou um papel central na III Reunião de Ministros Ibero-americanos de Trabalho que começou hoje em Cancún.

Na sua intervenção na sessão inaugural do encontro, que reúne durante dois dias os ministros do Trabalho da região, o secretário para a Cooperação da Secretaria Geral Ibero-americana (SEGIB), Salvador Arriola, destacou que os temas da juventude são prioritários na região.

“A oferta de mão de obra juvenil é mais elevada do que noutras partes do mundo, mas os sistemas educativos e de população não conseguem desenvolver de forma suficiente as competências necessárias requeridas”, afirmou Arriola.

Sublinhou ainda que “a produtividade na América Latina está concentrada em poucos setores e não gera incentivos para a inovação e para a qualificação da força laboral”.

“Nunca houve tantos jovens na região, 150 milhões de pessoas que representam 30% do total de habitantes da Ibero-América; trata-se, sem dúvida, de uma oportunidade para os países que se deve traduzir em recursos elevados e bem investidos como símbolo do compromisso dos Governos com os seus jovens”, referiu.

Arriola apontou que, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e relatórios regionais, os 11,5 milhões de alunos do ensino público que havia no ano de 2000, em 2020 poderiam ascender a cerca de 30 milhões e muito próximo dos 40 milhões em 2025.

Destacou que a qualidade da educação é essencial para evitar a armadilha dos países de rendimento médio. “Para que a América Latina seja produtiva, competitiva, equitativa e dinâmica, as pessoas devem contar com as capacidades necessárias para se inserirem melhor no mercado de trabalho e que sejam criados os empregos onde se possam inserir”, disse.

“Para isso, a nossa estratégia deve centrar-se na educação, mas com ênfase na sua qualidade; para isso temos que dar prioridade à conquista de um significativo investimento em ciência e tecnologia”, afirmou.

O secretário mexicano do Trabalho, Alfonso Navarrete, indicou por sua vez que um dos principais objetivos da reunião é conseguir que a Organização Internacional do Trabalho (OIT) incorpore na agenda de desenvolvimento Pós-2015 que o crescimento econômico seja inclusivo, com criação de empregos de qualidade, dignos e produtivos.

“Essa seria a meta mais importante que poderíamos pensar em levar para esta cúpula ibero-americana”, acrescentou, em alusão à XXIV Cúpula de chefes de Estado e de Governo que se realizará nos dias 8 e 9 de dezembro em Veracruz, zona oriental do México.

O ministro disse também que na reunião de Cancún procurar-se-á promover o intercâmbio e formar cadeias de valor no interior dos países, que permitam à região constituir-se não só num bloco que fornece matéria prima, mas também produtos elaborados, com alto valor e conteúdo, e muito atraente para o investimento.

Os novos empregos, acrescentou, não estão nas grandes e velhas empresas, porque estas estão a reduzir os contratos na medida que vão adotando novas tecnologias. “O jogo está na inovação. Os novos empregos estão na micro e na pequena empresa”, acrescentou.

Navarrete acredita que o encontro abrirá novos espaços de cooperação para a Ibero-América que propiciem um crescimento econômico sustentável, a criação de empregos de qualidade, a promoção do trabalho decente e o desenvolvimento social inclusivo, sobre a base de um diálogo franco e aberto.

Referiu que a reunião proporciona a oportunidade de atuar de forma coordenada a partir do intercâmbio oportuno de experiências e boas práticas nacionais, com o fim de construir políticas públicas destinadas a alcançar resultados efetivos a favor de todas as nações.

“As respostas aos desafios do âmbito laboral na região ibero-americana, sem dúvida, devem ser procuradas e acordadas de forma conjunta com os setores envolvidos e aplicadas de acordo com a realidade nacional em cada país”, afirmou.

Ao encontro assistem ministros e vice-ministros do Trabalho e Emprego da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Cuba, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Espanha, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Portugal, República Dominicana, Uruguai e Venezuela.

Deste encontro sairá uma declaração conjunta com temas que se espera que sejam abordados na XXIV Cúpula Ibero-americana de dezembro em Veracruz.

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