Três espaços linguísticos, Rede de Cooperação que une o espanhol, o francês e o português por uma defesa do plurilinguismo

A língua não é só um instrumento de comunicação, mas um importante valor económico e, por isso, os responsáveis dos Três Espaços Linguísticos (Organização Internacional da Francofonia, União Latina, Instituto Camões, Instituto Cervantes e Comunidade de Países de Língua Portuguesa)  uma rede de cooperação que…

A língua não é só um instrumento de comunicação, mas um importante valor económico e, por isso, os responsáveis dos Três Espaços Linguísticos (Organização Internacional da Francofonia, União Latina, Instituto Camões, Instituto Cervantes e Comunidade de Países de Língua Portuguesa)  uma rede de cooperação que une o espanhol, o francês e o português, destacam a necessidade de trabalhar juntos na defesa do plurilinguismo.

O responsável pela Secretaria Geral Ibero-Americana (SEGIB), Enrique V. Iglesias, e os secretários gerais dos Três Espaços Linguísticos (TEL), organização criada há dez anos, debateram em Madrid, na sexta-feira 10 de junho, os desafios destas três línguas perante a digitalização, a mudança dos modelos económicos, sociais e políticos e as novas relações internacionais nas economias emergentes.

“Estamos na presença de uma nova realidade, na qual a língua desempenha um papel central”, afirmou Iglesias na inauguração deste encontro, onde assinalou que “para navegar neste mundo emergente que vai crescer e vai cada vez mais fazer parte de um novo poder mundial, a língua é o instrumento desse novo poder”.

Os Três Espaços Linguísticos são formados por 103 países e 900 milhões de falantes dispersos nos cinco continentes e as suas línguas desempenham um papel fundamental no mundo atual, mas “muito mais no que virá”, insistiu o secretário-geral ibero-americano.

Estes três espaços têm, de acordo com Iglesias, problemas comuns, como o de tratar de tornar as suas línguas instrumentos cada vez mais utilizados na economia, na cultura e no comércio e, especialmente, na internet.

Por isso, há que identificar os valores comuns e realizar uma análise séria sobre a forma como “a digitalização do mundo abre novas oportunidades para a expansão destas línguas, a sua consolidação e defesa”.

As três línguas procuram também uma maior interação, explicou Iglesias, que deu como exemplo a iniciativa do Brasil de incorporar o espanhol como língua obrigatória no ensino secundário.

Por isso, insistiu na necessidade de trabalhar na qualidade e difusão destas três línguas e “ligá-las às novas dimensões económicas das sociedades emergentes”.

José Luis Dicenta, secretário geral da União Latina, avisou que na atualidade “já não basta” defender-se com base em escolas, livros e educação: “Temos de penetrar no mundo da revolução tecnológica, na qual, se não estivermos muito presentes, haverá uma debilitação real” destas três línguas.

A dimensão económica da língua e da cultura foi também salientada pela diretora do Instituto Cervantes, Carmen Caffarel, pelo responsável da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Domingo Simões Pereira e pela presidente do Instituto Camões, Ana Laborinho.

O responsável pela Organização Internacional da Francofonia, Abdou Diouf, considerou que o grande desafio para estas três línguas, na sua luta pela diversidade linguística e cultural, é a sua presença na sociedade digital.

Diouf defendeu uma situação equilibrada, pois não se trata, afirmou, de “destronar” uma língua, e referiu-se a situação paradoxal que é o fato de perante o aumento do número de francófonos, cada vez se fala menos esta língua nos organismos internacionais.

Um dos objetivos desta reunião é, por isso, tentar reforçar a presença destas três línguas nas instâncias internacionais, assim como recomendar políticas ativas a favor do plurilinguismo nos sistemas educativos.

E como grande defensor da diversidade cultural, Iglesias e Dicenta recordaram a figura do recentemente falecido Jorge Semprún e as suas palavras: “A cultura implica a exigência de manter a diversidade e de reforçar todas as línguas a fim de fortalecer a unidade sobre a base da razão democrática”.

 

 

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