Coincidindo com a sua participação na inauguração da Feira do Livro de Guadalajara (México), o Secretário-Geral Ibero-Americano, Enrique V. Iglesias, propôs a possibilidade de criar um programa de ‘Erasmus’ Ibero-Americano em 2010, ano no qual vários países da região celebram o bicentenário da sua independência.
"Eu me pergunto se seria possível, por exemplo, pensar que Ibero-América se pusesse de acordo em preparar à geração do bicentenário, a qual no ano 2030 estará em condições de ingressar como força de trabalho na sociedade", indicou Iglesias na Feira Internacional do Livro de Guadalajara (FIL) no passado 24 de novembro.
O Secretário-Geral Ibero-Americano participou numa conferência no marco da Feira na qual esteve acompanhado pelo jornalista e escritor mexicano Carlos Monsiváis, quem se referiu ao bicentenário como "a grande oportunidade da autocrítica" para Ibero-América.
Iglesias recordou que na passada Cúpula de Santiago do Chile, celebrada entre o 8 e 10 de novembro, foi aprovado o programa "Pablo Neruda", que pretende favorecer a mobilidade educativa nos ciclos superiores.
Esse projeto "significa a possibilidade de bolsas para a formação daqueles que preparam doutorados ou maestrias dentro do conjunto dos países ibero-americanos", afirmou.
Em sua opinião, dito plano é susceptível de melhoras com outras iniciativas mais amplas numa região que gera o 10 por cento do Produto Interno Bruto Mundial (PIB), com duas línguas, 600 milhões de habitantes, e cuja grande característica é "a grande mestiçagem, integral e criativa".
"Eu acho que temos que ir além e creio que a criação de um Erasmus ibero-americano deveria ser um objetivo importante do bicentenário", agregou.
Assim, sugeriu que "esse Erasmus não deveria estar somente concentrado nos 22 países ibero-americanos. Por que não também para as juventudes ibero-americanas ou pan-americanas dos Estados Unidos?".
Escola de Governo de Ibero-América
Enrique V. Iglesias assinalou que outros esforços para potenciar a cultura como elemento coordenador da Ibero-América deve ser o avançar no terreno científico, no "diálogo interativo" entre as pequenas e grandes empresas, na melhora das condições de vida das comunidades indígenas, e no diálogo sobre política.
Neste último âmbito sugeriu criar uma Escola de Governo em Ibero-América, uma região que reúne "uma longa história de intercâmbio que começa há mais de 500 anos", para afiançar uma área onde as possibilidades de trabalho são imensas.
Bicentenários
Com respeito à comemoração dos 200 anos de independência dos países latino-americanos, o Secretário-Geral Ibero-Americano assinalou que deve realizar-se de forma conjunta com uma reflexão sobre o futuro da região.
"Sobre quais bases se poderia celebrar-se este tipo de bicentenários? O importante é apontar para o futuro, para estudos prospectivos, por exemplo, o quê poderia fazer esta comunidade no ano 2030, o quê poderíamos fazer para levar à cabo um esforço conjunto", assinalou.
Em sua apresentação, Iglesias propôs uma comemoração em torno de seis eixos: educação, avanço científico, cultura, política, alianças empresariais e coesão social.
Ademais disse que a celebração da independência das nações latino-americanas deve cobrir o "déficit que temos com o passado, com as grandes minorias excluídas da América Latina, as comunidades indígenas e as comunidades minoritárias afro-americanas".
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