Clausura do seminário: Interculturalidade e conflito na América Latina

Os povos indígenas interromperam de forma "irreversível" a tarefa política da América-Latina como elemento fundamental na construção de novos Estados, segundo as conclusões do seminário "Interculturalidade e conflito na América Latina", encerrado no dia 16 de julho em Madri.
Nesta idéia coincidiram hoje o Secretário-Geral Ibero-Americano,…

Os povos indígenas interromperam de forma "irreversível" a tarefa política da América-Latina como elemento fundamental na construção de novos Estados, segundo as conclusões do seminário "Interculturalidade e conflito na América Latina", encerrado no dia 16 de julho em Madri.

Nesta idéia coincidiram hoje o Secretário-Geral Ibero-Americano, Enrique V. Iglesias; o Chanceler da Bolívia, David Choquehuanca; o Ex-Ministro dos Assuntos Exteriores e Embaixador de Israel Sholomo Ben Ami ou a Ex Chanceler equatoriana, Nina Pacari, ao fechamento do seminário que debateu as "oportunidades cidadãs para a paz".

O Ministro boliviano das Relações Exteriores assegurou que o elemento indígena e o diálogo formam parte da interculturalidade, que é -disse- "o reconhecimento do outro, do que fala, veste, pensa e tem  uma visão diferente das coisas".

Choquehuanca insistiu em que a construção das comunidades "em equilíbrio" que perseguem os estados latino-americanos necessita de uns "códigos" similares aos que manejam a séculos os povos indígenas, segundo os quais o político deve ser alguém que "não minta, não roube e não seja fraco" e que "ninguém seja mais que o outro".

Enrique V. Iglesias destacou também o "valor do diálogo" como forma de "vencer as distâncias e apontar diferenças na aliança das civilizações".

O Secretário-Geral Ibero-Americano expressou seu acordo com Nina Pacari na idéia de que com o maior protagonismo dos povos indígenas cada vez fica mais obsoleto o "modelo de Estado mono-cultural".

Neste sentido, segundo Iglesias, "hoje pode se dizer que avançamos" e como amostra disso destacou o fato "significativo" de que "haja na América- Latina um Governo (o da Bolívia) presidido por um indígena" (Evo Morales).

Enrique Iglesias disse que as jornadas do Seminário, em Mérida e em Madri, deixaram o sentimento de que se pode ser "otimista frente ao futuro", e destacou que "nunca fez se sentir tanto a voz dos indígenas para chegar à consciência das pessoas".

Na mesma linha, Ben Ami, que dirige o Centro Internacional de Toledo para a Paz (CITpax), organizador do Seminário, destacou o "marco democrático" em que está se desenvolvendo "a emancipação das comunidades esquecidas através dos séculos e que agora recuperam sua voz e seus direitos".

Ao referir-se a conflitos como o das regiões da Bolívia que pretendem sua autonomia, Ben Ami assegurou que "é difícil pensar que um processo assim pudesse ter lugar sob uma ditadura férrea", e destacou que "se esse processo tem lugar é porque há um processo democrático como condição prévia".

Na opinião de Ben Ami esses processos "não têm soluções fáceis" como demonstrou se em diversos países da Europa: A tarefa, acrescentou, é “encontrar um ponto de equilíbrio entre a unidade do Estado e a diversidade”.

Outra das participantes no seminário, Nina Pacari, a Ex-Ministra equatoriana e antiga membro do Foro Permanente da ONU para Questões Indígenas, assegurou que a presença indígena na globalização "repercutirá no modelo de desenvolvimento".
"A luta dos povos indígenas está encaminhada a alcançar a eqüidade em nossos países pluriculturais pela via do exercício intercultural", disse Pacari.

"Se em quinhentos anos não desaparecemos os indígenas, muito menos sucederá agora", assegurou a Ex-Ministra dos Assuntos Exteriores do Equador.

Fonte: EFE

 

 

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