O Centro Cultural Belém de Lisboa (Portugal) acolheu, o passado 15 de outubro, o seminário “Desafios e oportunidades para as relações ibero-americanas”, organizado pelo Instituto de Estudos Estratégicos Internacionais (IEEI) de Portugal, e a Secretaria-Geral Ibero-Americana (SEGIB).
No evento participaram, entre muitos outros, o Secretário-Geral Ibero-Americano, Enrique V. Iglesias, o ex-chefe do Governo espanhol, Felipe González, o ex-presidente português Mario Soares; e o Presidente do Conselho Geral do IEEI, José Gregório Faria.
Em representação da SEGIB também assistiram a Secretária Adjunta, Maria Elisa Berenguer, e o Diretor de Planejamento da Secretária Adjunta, Rui Baceira.
Maior presença internacional de Ibero-América
O Secretário-Geral Ibero-Americano, Enrique V. Iglesias, assinalou que o processo de construção de Ibero-América deve levar a que esta tenha uma “presença internacional com personalidade” e “a acelerar o desenvolvimento econômico e social”.
Durante sua intervenção, Iglesias disse que os vínculos internacionais são parte da solução aos problemas que afetam à região e que a comunidade ibero-americana é uma grande "aspiração".
Neste sentido, indicou que o grande desafio é saber como as relações ibero-americanas e entre Europa e América Latina podem servir de utilidade para conseguir o "objetivo comum do desenvolvimento econômico e social num mundo no qual compartilham tantas coisas".
Segundo o Secretário-Geral Ibero-Americano, é muito importante para América Latina ter dois países europeus na sua comunidade, mas que também para Espanha e Portugal é de grande interesse estar acompanhados pelos Estados latino-americanos no âmbito da sua influência na União Européia.
Afirmou que América Latina atravessa um momento "especial" nos planos econômico, social e político, ainda que explicou que vive "riscos externos", com a incerteza da economia mundial e do mercado hipotecário.
As questões internas que deve resolver América Latina, assinalou, passam por saber se será capaz de aproveitar a bonança econômica para conseguir um crescimento sustentado e de qualidade e solucionar as deficiências sociais.
Iglesias disse que o continente tem que enfrentar "reformas importantes" em assuntos tais como o Estado, a educação, a produtividade e a fiscalidade e se mostrou otimista respeito à sua realização.
Aproveitar as sinergias
Por sua vez, o ex-presidente do Governo espanhol, Felipe González, destacou as relações entre Europa e América Latina e a oportunidade que têm Espanha e Portugal de apoiá-las a partir destas sinergias.
"Uma parte do que somos e do nosso futuro depende do bom desempenho da América Latina", assinalou ao pedir um maior atendimento europeu a essa região e lamentar de que já não seja "uma prioridade para Europa".
O presidente do Congresso dos deputados da Espanha, Manuel Marin, também defendeu “o “interesse estratégico” que tem América Latina para a União Européia e o atendimento que deve dar-se no velho continente às relações bilaterais.
Marín, quem foi comissário europeu responsável das relações com América Latina, lamentou que a UE não tivesse conseguido ainda um acordo de cooperação com o Mercosul, como os atingidos com México e Chile.
Neste sentido, sublinhou que na América Latina estão presentes grandes empresas de muitos países europeus, mas não todos mostram pelas relações com essa região uma preocupação apropriada a essa presença econômica.
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