Brasil analisa a coesão social na América Latina

Brasília albergou o último dos três seminários sobre Coesão Social, organizado pela Secretaria-Geral Ibero-Americana (SEGIB) e a Comissão Econômica para América Latina e o Caribe (CEPAL).
 
O seminário "Coesão Social e sentido de pertence na América Latina e o Caribe" foi inaugurado pelo Secretário-Geral Ibero-Americano,…

Brasília albergou o último dos três seminários sobre Coesão Social, organizado pela Secretaria-Geral Ibero-Americana (SEGIB) e a Comissão Econômica para América Latina e o Caribe (CEPAL).
 
O seminário "Coesão Social e sentido de pertence na América Latina e o Caribe" foi inaugurado pelo Secretário-Geral Ibero-Americano, Enrique V. Iglesias, e pelo Secretário Executivo da Comissão Econômica para América Latina e o Caribe (CEPAL), José Luis Machinea.
 
Entre os diferentes participantes ao evento de Brasília, que reuniu a acadêmicos, políticos e representantes da sociedade civil, figuravam o ministro brasileiro de Desenvolvimento Social e Luta contra a Fome, Patras Ananias; e a Secretária de Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, entre outros. Em representação da SEGIB, também assistiu a Secretária Adjunta, Maria Elisa Berenguer.
 
Desejo de justiça e ética
 
Na sua intervenção, Enrique V. Iglesias afirmou que na América Latina existe uma "crescente sede de justiça e de ética" e atribuiu a esse anseio a eleição da coesão social como tema central da próxima Cúpula Ibero-Americana que se celebrará o próximo mês de novembro em Santiago do Chile.
 
"É um conceito muito amplo, que fala sobre problemas comuns", que estão diretamente relacionados com a necessidade de reforçar o "sentido de pertence à uma sociedade", disse Iglesias.
 
Para adquirir esse "sentido de pertence", o Secretário-Geral Ibero-Americano indicou que é vital que as economias "cresçam mais e melhor", mas também que se desenhem "políticas públicas além da emergência" que supõe atender aos milhões de excluídos que existem na América Latina.
 
Enrique V. Iglesias recordou que nas décadas dos anos 80 e 90 América Latina se escudou na "mão invisível do mercado", que relegou ao Estado a um segundo plano.
 
Nesse sentido, instou aos governos a "valorizar a mão visível do Estado", mediante um "pacto fiscal" que implique um compromisso social com o gasto público, e também um "contrato social", que lhe contribua "qualidade" ao crescimento.
 
América Latina vive "uma particular bonança, que pode durar", mas que não pode ser desperdiçada novamente, pois não sempre existe a oportunidade "de dar um grande salto", adicionou.
 
O “pessimismo” latino-americano
 
Por sua vez, o Secretário Executivo da Comissão Econômica para América Latina e o Caribe (CEPAL), José Luis Machinea, destacou que a região vive "uma mudança de época, mas com certo pessimismo".
 
Em sua opinião esse pessimismo está associado "à incerteza, que na América Latina se potência com a instabilidade e as imensas brechas sociais", que conquanto se reduzisse nos últimos anos, "não terminam de fechar-se".
 
Segundo Machinea, ainda que as taxas de indigência caíssem um 25 por cento nos últimos quatro anos, na América Latina "também é verdade que a pobreza não cede" e que a democracia "não satisfaz plenamente as expectativas da sociedade".
 
Nesse sentido, assinou a tese do "contrato fiscal" desenhada por Enrique V. Iglesias na sua intervenção, e a considerou uma fórmula para conseguir que na América Latina, "quando se fale de eqüidade não se faça somente em termos de retórica".
 
Visita da SEGIB à Chancelaria
 
Aproveitando a sua visita ao Brasil, o Secretário-Geral Ibero-Americano, Enrique V. Iglesias, e a Secretária Adjunta da SEGIB, Maria Elisa Berenguer, reuniram-se com o ministro de relações exteriores brasileiro, Celso Amorim, bem como com o Secretário-Geral das Relações Exteriores, o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães; entre outros.
 
Nos encontros mantidos, analisaram-se e revisaram diferentes aspectos relacionados com as políticas de coesão social na América Latina, bem como temas mais pontuais da próxima Cúpula Ibero-Americana de Santiago do Chile.
 
Com o encontro de Brasília, conclui a série de três seminários que começou o passado 30 de julho na Cidade do México e continuou o 1 de agosto em Bogotá, Colômbia.
 
Os resultados dos debates desenvolvidos em Brasília, Bogotá e Cidade do México serão recolhidos num relatório final que será incorporado às discussões da XVII Cúpula Ibero-Americana, que se celebrará o próximo mês de novembro em Santiago de Chile, com a Coesão Social como tema central.

 

 

 

 

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