A Secretaria-Geral Ibero-americana (SEGIB), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e a Iniciativa Ibero-americana para Prevenir e Erradicar a Violência contra as Mulheres (IIPEVCM) reuniram atores-chave e especialistas da Ibero-América para o lançamento do projeto “Prevenir a violência digital contra as mulheres na Ibero-América”, que articula respostas diante de um dos desafios mais urgentes da atualidade: a violência digital. A violência digital não é um fenômeno isolado, mas sim parte de um contínuo de agressões que podem escalar e se traduzir em violência física, psicológica ou simbólica fora do ambiente digital.
No âmbito deste projeto, as instituições parceiras desenvolveram três componentes principais:
- Estudo regional sobre a violência digital nas redes
Cujos achados ressaltaram a importância de respostas urgentes, integrais e diferenciadas para enfrentar a violência digital contra as mulheres com presença pública, como um fenômeno estrutural, transversal e profundamente enraizado na região. No estudo, foram analisadas mais de um milhão de publicações de 350 contas ativas na rede social X (anteriormente Twitter), provenientes do Panamá, Bolívia, México, República Dominicana, Uruguai, Andorra, Espanha e Portugal. Entre os dados mais preocupantes, destacou-se que uma em cada cinco mensagens dirigidas a mulheres continha algum tipo de violência, principalmente relacionada à subestimação de suas capacidades.
- Ciclo de seminários virtuais com especialistas
Por meio de três encontros virtuais, mais de 350 pessoas participaram de espaços de formação e compartilhamento de conhecimento sobre discursos de ódio, estratégias de proteção e reparação, e preservação de evidências digitais. Cada sessão destacou a urgência de enfrentar esses desafios a partir de uma perspectiva integral e multilateral, oferecendo ferramentas práticas e reflexões fundamentais para garantir ambientes digitais seguros para todas as mulheres.
- Recomendações e diretrizes para a ação pública
Foram elaboradas recomendações e diretrizes, dirigidas especialmente aos países da Iniciativa Ibero-americana para Prevenir e Eliminar a Violência contra as Mulheres e, de forma geral, a todos os atores da Cooperação Ibero-americana. A publicação com os resultados do projeto estará disponível em junho e espera-se que sirva como insumo fundamental para o desenho de políticas públicas voltadas à prevenção e erradicação da violência digital contra as mulheres.
“Para o Governo Nacional, é uma honra que a apresentação pública deste estudo seja realizada no Panamá. Reafirmamos nosso compromisso com a criação de espaços digitais seguros, que permitam o exercício pleno de uma democracia mais inclusiva e participativa para todas as mulheres”, afirmou Niurka Palacios, ministra da Mulher do Panamá.
Para José Vicente Troya, Gerente Regional do Centro Regional do Programa das Nações Unidas para a América Latina e o Caribe (PNUD LAC), “O exercício da democracia encontrou no espaço virtual um terreno propício para agravar os efeitos da violência contra as mulheres no âmbito público, sendo parte constitutiva de um contexto social de discriminação por motivos de gênero e de violência estrutural contra as mulheres”.
“A violência digital contra as mulheres constitui um desafio regional que compromete os avanços em matéria de igualdade e democracia na Ibero-América. Desde a Secretaria-Geral Ibero-americana, trabalhamos para fortalecer uma agenda comum que garanta ambientes digitais seguros, livres de violência e discriminação”, destacou Almudena Díaz, chefe da Divisão de Gênero da SEGIB.
Com este projeto, a IIPEVCM, a SEGIB e o PNUD reafirmam seu compromisso de continuar trabalhando em conjunto, a fim de assegurar uma região onde as mulheres e meninas vivam livres de violência, com seus direitos plenamente protegidos e com a possibilidade de prosperar sem medo.
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