A necessidade de ter em conta a China nas estratégias de desenvolvimento

O professor brasileiro Alexandre de Freitas Barbosa proferiu uma conferência na terça-feira, 14 de fevereiro, na sede da SEGIB, sobre o tema das relações entre a China e a América Latina, na qual participou o Secretário-Geral Ibero-Americano, Enrique V. Iglesias, e a brasileira Rosa Freire…

O professor brasileiro Alexandre de Freitas Barbosa proferiu uma conferência na terça-feira, 14 de fevereiro, na sede da SEGIB, sobre o tema das relações entre a China e a América Latina, na qual participou o Secretário-Geral Ibero-Americano, Enrique V. Iglesias, e a brasileira Rosa Freire d’Aguiar Furtado. O encontro foi organizado conjuntamente com a Embaixada do Brasil em Espanha e a Fundação Cultural Hispano Brasileira.

Freitas Barbosa tornou claro que todos os temas globais têm hoje uma dimensão chinesa e que não se podem pensar em estratégias de desenvolvimento sem ter em conta este país. No entanto, não parece que a China deseje ocupar um papel de potência econômica, mas apenas ocupar o seu papel num mundo multipolar. A China soube realizar uma política econômica coerente, que a levou a uma radical transformação produtiva, ligada ao mercado e às instituições globais.

Assim, o impacto do país asiático nos países da América Latina é muito diverso, não se pode realmente falar de uma forma global sobre a região no seu conjunto. O comércio entre a China e a América Latina cresceu 135 vezes entre 1990 e 2008, e o déficit da região com a China nesse último ano está próximo dos 50 milhões de dólares. Quatro países: Brasil, Chile, Argentina e Peru, somam 90% das exportações para este país em commodities. Todos os países mostram pelo seu lado fortes aumentos das importações industriais.

Sob a perspectiva econômica e geopolítica, constata-se que estamos numa profunda mudança estrutural da economia capitalista global, na qual a China tem um efeito de desorganização/reorganização de todas as economias. Hoje, o “centro” está em crise, enquanto que as periferias se desenvolvem com força e são quem pode ajudar a resolver os problemas do centro. O motor da inovação continua a estar no norte, mas a industrialização já não é autônoma nos países desenvolvidos, e em diferentes países da América Latina existem sectores completos que já se desmantelaram.

Alexandre de Freitas Barbosa ensina economia brasileira e internacional no Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo, tendo ocupado importantes cargos em organismos públicos e privados do Brasil.

 

 

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